Título original:
Matilha
Romance / Drama
1ª
edição
Copyright© 2023
por Paulo Fuentes®
Todos os direitos
reservados
Este livro é uma
obra de ficção.
Os personagens e
os diálogos foram criados a partir da imaginação
do autor.
Autor:
Paulo Fuentes
Preparo de
originais: Paulo Fuentes
Revisão: Sônia
Regina Sampaio
Projeto gráfico e
diagramação:
Capa: Paulo
Fuentes
Todos os direitos
reservados no Brasil:
Paulo Fuentes e
El Baron Editoração Gráfica Ltda.

Impressão e acabamento:


Apoio Cultural:
)
16 anos no passado...
Algum lugar de lugar nenhum.
- As dores aumentaram Alejandro! Me ajude por
favor.
- Espero que desta vez seja um menino!
- Alejandro! O que importa o sexo. Vindo com
saúde é o que me importa.
- Parece que não conhece a lenda e apenas para
lhe lembrar hoje é noite de lua cheia.
- E o que é que tem se é noite de lua cheia ou
não. Não acredito nestas lendas, mas me ajude
por favor porque sinto que o bebê vai nascer.
Implorou Raquel.
- Ajudo sim, mas já advirto que se for uma
menina de novo vou dar cabo dela, da outra
caçula e de você também.
- Para de dizer bobagem e me ajude!
- Já lhe avisei. Se for menina as três estarão
condenadas. Disse Alejandro.
Minutos se passaram e o próprio Alejandro
cuidou de fazer o parto da esposa e para sua
desagradável surpresa outra menina viera ao
mundo. Ficou arrasado. Olhou para a esposa, para
o bebê em suas mãos e o ódio tomou conta de seu
ser. Iria cumprir o que prometera.
- Eu avisei, mas parece que as sombras do mal
andam te rondando e terei que cuidar disso com
minhas próprias mãos.
- Não pensa em cumprir as insanidades que disse,
pensa?
- Sabe que sou obrigado a fazer isso. Não quero
um monstro saindo por aí e matando as pessoas e
nem posso deixa-la viva porque poderá gerar
outra menina e de nada adiantaria eu cumprir a
promessa feita.
- Alejandro! Isso desta tal lenda é pura
ignorância.
- Não é! Diz a lenda que a sétima filha de seis
irmãs que nascerem na lua cheia uma criança loba
ela se tornará e você só me deu filhas e todas
nasceram na lua cheia.
- Alejandro pare com isso!
Foram as últimas palavras pronunciadas por
Raquel antes de ser sufocada e morta por
Alejandro através de um travesseiro e poucos
instantes depois o corpo dela estava ali sobre a
cama imóvel. Raquel estava morta.
- O que irei fazer com você agora monstrinho?
Pensou Alejandro transtornado.
Não sabendo o que fazer saiu do quarto da bela
propriedade que possuíam e saiu sem rumo. Queria
se livrar dela a qualquer custo, mas não tinha
coragem suficiente para matá-la, pois era um
homem de fé e a solução apareceu como se fosse
pela graça dos céus.
Era um homem de posses e no caminho para lugar
algum encontrou com um membro de sua igreja que
estava indo para a América do Sul dentro de dois
dias em busca de melhores ares e quem sabe lá,
sua esposa conseguisse engravidar.
- Alejandro! O que faz por aqui a esta hora?
- Vim em busca de você mesmo Miguel!
- De mim! Porque?
- Porque você me disse que ia se mudar para a
América do Sul e por isso vim aqui?
- Espera aí! O que faz com esta criança nos
braços?
- Foi o motivo que vim até aqui! Mentiu
Alejandro.
- Veio aqui com uma criança recém nascida no
colo para que? Não entendi.
- Qual é o seu sonho e de sua esposa?
- Termos um filho, mas parece que o ar daqui não
lhe faz bem e por isso estamos indo para o
Brasil, pois lá é um país tropical e que poderia
ajuda-la nisso.
- Hum! Bem, pensando nisso e sabendo que está de
mudança foi que lhe procurei com esta criança.
- Não entendi! Ela não é da sua esposa?
- Não! Ela é de uma jovem irmã da congregação
que manteve a gravidez escondida por causa de
seus pais e ela não quer aceitar a pequena por
cauda da nossa crença.
- Complicado, mas o que é que eu e a Izabel
temos a com a criança?
- Ela queria se livrar da criança e cheguei bem
a tempo de ela fazer uma loucura e daí,
perguntando para ela se de fato ela não queria
saber do bebê foi que pensei no desejo de vocês
e trouxe a pequena até aqui.
- Quer nos dar o bebê?
- Sim! E a pequena nasceu a pouco tempo. Menos
de três horas.
- Não sei! Acho que a Izabel não aceitaria bem a
pequena que não é dela.
- Porque não pergunta e posso também, a fim de
fazer uma obra de Deus lhe ajudar
financeiramente para que possam viver bem lá no
Brasil.
- Não sei o que lhe dizer!
- Porque não entramos na sua casa e perguntamos
para sua esposa? Se ela dizer não eu entenderei.
- Você disse em uma compensação financeira?
- Sim! Para que se cumpra uma obra de Deus sim e
só quero ajudar.
- Bem vamos entrar!
Entraram na casa do humilde serviçal que sempre
sonhara com um filho e que sabendo que no Brasil
o clima poderia quem sabe ajudar sua amada
esposa a engravidar vendeu tudo o que tinha e
resolveram partir.
Izabel ao vê-lo entrar com o abastado senhor
Alejandro na humilde morada ficou sem saber o
que dizer, mas quando disse o que ele estava
oferecendo para ambos ela já estava pronta para
dizer não quando astutamente Alejandro lhe
mostrou a linda menina e pareceram que os olhos
suplicantes do bebê tomaram conta dela por
completo e ela acabou cedendo aquele olhar.
- Não sei o que dizer meu amor!
- O senhor Alejandro sabe a muito tempo deste
nosso desejo e como a jovem que teve está linda
criança estava prestes a fazer uma loucura ele
pegou-a e a trouxe para nós.
- Como a mãe pode ser tão má assim?
- Ela é jovem ainda e nem sabe o que está
fazendo e para compensar na nossa bondade em
adotarmos o bebê o senhor Alejandro prometeu nos
dar uma bela soma em dinheiro para nosso
conforto no novo mundo.
- Mas se ele nos der dinheiro poderemos cuidar
do bebê aqui mesmo, não acha?
- Perdoe-me por entrar na conversa senhora, mas
é que todos aqui sabem de sua luta para
engravidar, de sua viagem para o exterior e como
a veriam na congregação se aparecesse de repente
com um bebê no colo?
- Tem razão senhor! Não havia pensado nisso.
- Quer que eu leve o bebê de volta? Perguntou
Alejandro forçando a resposta.
- Não! Ela é tão linda e sinto que ela deseja
ser minha e de meu esposo.
- Aceitam ela então?
- Como faremos para registrá-la se todos nos
conhecem por aqui? Perguntou Izabel.
- Se aceitarem deixe que eu cuido de tudo e ela
será legalmente de vocês, mas a condição é de
que terão que partir para o Brasil e ficarem por
lá.
- Definitivamente? Perguntou Miguel.
- Lhe darei uma importância bem substancial se
decidirem ficar lá definitivamente.
- Não sei senhor! Indefinidamente é muito tempo.
Disse Izabel.
- Digamos que eu lhes dê a importância de dois
milhões de euros. Aceitariam?
- Sabe que o país pode ter um clima bom e Izabel
engravidar lá e nem teremos que cuidar do bebê e
o senhor poderia leva-lo embora.
- Miguel! Está sendo malvado com o bebê, mas te
entendo e querendo ajudar a você, sua esposa, a
mãe do bebê e ela mesma eu lhes darei cinco
milhões de euros e poderão partir depois de
amanhã com a documentação da criança toda em
ordem.
- Não sei o que dizer senhor! Retrucou Miguel
sentindo que poderia arrumar mais.
- Tudo bem! Vim por uma obra de Deus, mas se não
querem eu mesmo a adotarei. Obrigado e me
desculpem pelo incomodo. Disse Alejandro se
virando para sair.
- Espere doutor! O senhor nos daria cinco
milhões de euros e deseja que fiquemos por lá
indefinidamente, é isso que deseja? Perguntou
Izabel.
- Isso mesmo!
- Miguel! Em nome da fé e da boa vontade do
senhor Alejandro devemos aceitar. Certo?
- Faço tudo por você meu amor! Senhor Alejandro,
nós aceitaremos a proposta.
- Providenciarei o depósito em uma conta que
determinarem, mas só lhe peço para que mantenham
isso em segredo a fim de proteger a criança e a
mãe dela que jamais pensará em ir atrás e isso
lhes garanto.
- Pode contar com isso senhor e aqui está o
número da nossa conta bancária.
Alejandro pegou o papel, entregou a criança,
anotou os dados dos dois para o registro do bebê
para providenciar a legalização e virando as
costas saiu e esperava que eles sucumbissem sob
a maldição que aquela criança carregaria com
ela.
Foi embora aliviado. Fora lesado,
mas valeu a pena porque além de não cometer um
ato contra a igreja e à Deus ele se livrara
daquele peso de suas costas e sabia que, quando
a maldição se fizesse presente ela ocorreria do
outro lado do Atlântico bem longe de sua casa e
de sua pátria. No dia seguinte a documentação
ficou em ordem, o dinheiro foi depositado na
conta de Miguel e Izabel e eles puderam embarcar
com a pequena Cristina
Hernandez Ruiz nos braços rumo à
nova terra.
)
Eram precisamente 15:17 horas quando o avião
pousou no aeroporto internacional de Guarulhos.
Izabel, Miguel e a pequena Cristina
desembarcaram e pegaram um ônibus que os levaria
até o centro da cidade de São Paulo e ali, de
acordo com um senhor que fizeram amizade no
avião lhes recomendou que tomassem cuidado
porque haviam muitas pessoas de má índole que
poderiam lhes roubarem e lhes recomendou um flat
que ficava próximo de onde eles desembarcariam
do ônibus, mas não recomendou que eles saíssem a
noite.
Com tudo anotado e atentos ao que aquele velho
senhor lhes informara na aeronave a pequena
família fez exatamente como ele dissera e no
flat se hospedaram e no dia seguinte procurariam
um lugar para se mudarem. Era uma família
pequena, mas agora bem abastada e pelos padrões
do Brasil poderiam se considerar ricas.
Não tinham pressa. Procurariam com calma uma
casa, um apartamento ou quem sabe algum lugar no
interior onde a pequena Cristina pudesse crescer
saudável junto com amigos que faria com certeza.
Izabel e Miguel conversaram por bastante tempo
antes de dormir. Namoraram e viram a pequena
filha deles dormindo ao lado como um anjinho
poderia estar dormindo. Acordaram cedo e Miguel
antes de expor sua pequena família para as
terras brasileiras preferiu sair sozinho e ver o
solo onde estavam pisando.
O que viu de dia não era nem um reflexo do que
era a noite. Durante o dia era uma loucura de
veículos para todo que é lado. Polícia e
ambulâncias trafegavam direto, mas a noite, de
acordo com o que foram informados tudo mudava e
o crime corria solto por ali.
Viu por ali dezenas de lojas e pontos de
comercio onde poderia comprar alimento e roupas,
mas de forma alguma poderiam se expor e deixar
que soubessem que eles tinham uma excelente
quantia de dinheiro no banco que possuía
agências ali na capital paulista.
Na volta passou em um supermercado próximo do
flat e chegando contou tudo o que vira e trouxe
consigo alimento para Cristina uma vez que
Izabel não possuía leite para alimentá-la, mas o
bebê parecia se adaptar bem com tudo que lhe
davam.
- Miguel! Achou aí fora perigoso?
- Achei muito agitado e aqui na rua mesmo é uma
correria de carros para cima e para baixo e um
barulhão. Aqui não sentimos isso, pois estamos
na parte de trás, mas você olhou pela janela?
- Olhei e vi que é mesmo uma loucura. Não quero
ficar por aqui, pois não será saudável para a
nossa pequena Cristina.
- O senhor Ramiro disse que nos aconselharia
aqui no que pudesse!
- E confiou nele? Perguntou Izabel.
- Como se diz em
Jeremias 17:5, “Maldito
o homem que confia no homem”. Portanto não
mesmo.
- Ele nos alertou sobre aqui ter
muitas pessoas que querem tirar o que os outros
possui e vá lá saber se ele não é um destes aí.
- Foi o que pensei, mas mudando
de assunto, como nos desfizemos de tudo que
tínhamos na nossa terra passei em uma loja aqui
perto e comprei dois celulares. Uma para mim e
outro para você, porque sei que iremos precisar
disso por aqui.
- Teme que nos ataquem? Perguntou
Izabel.
- Não! Ninguém sabe que temos uma
boa conta no banco, mas somos estrangeiros em um
país estranho. Aqui parece ser maravilhoso,
porém, não dá para confiar.
- Sabe onde tem uma agência do banco que temos
conta por aqui?
- Sei sim! Tem uma na rua de trás e outro também
numa avenida que se chama Paulista que parece
ser a mais importante da cidade e que me
informaram que não é tão longe daqui. Também me
disseram que lá fecha aos domingos para lazer.
- Poderíamos ir lá então para conhecermos um
pouco mais deste povo. Sugeriu Izabel.
- Iremos lá sim no domingo. Agora vamos relaxar
e ver a TV que a língua deles não é difícil de
entender, pelo menos o básico. Respondeu Miguel
sorrindo.
- Podemos comprar um carrinho para a Cristina?
- Claro que sim! Amanhã de manhã você irá comigo
até uma loja que tem na outra esquina que vende
coisas de crianças e poderemos comprar algumas
roupinhas para ela e por falar nisso como que
ela se portou?
- Cristina é um doce de pessoa! Calma e
quietinha. Agradeço a Deus por tê-la levada até
nós.
- Na verdade, quem a levou foi o duque Alejandro
e nunca achei que ele fosse coisa boa e se quer
saber, até acho que foi ele quem engravidou a
mãe da bebê e depois quis se livrar dela para
que não houvesse reclamação.
- Acha que ele seria capaz disso? Perguntou
Izabel.
- Daquele lá não duvido de nada, mas já não é
mais problema nem dele e nem nosso.
Passaram o restante da tarde vendo programas de
televisão principalmente os que mostravam
reportagem sobre a cidade e o estado e ao mesmo
tempo em que se assustavam viam que aquele era
um lugar maravilhoso o que ajudaria a tomarem
uma decisão logo de onde morar.
Porém, bem longe dali, bem depois do Atlântico
Alejandro fazia de conta que estava arrasado e
derrotado na vida por ver que sua amada esposa
havia falecido por causas naturais como atestado
pelo médico da família.
Raquel sempre fora uma mulher saudável, nova
ainda, pessoa exemplar e que todos amavam e a
perda dela deixando o duque com seis filhas
ainda pequenas abalou muitas pessoas e várias
famílias se solidarizaram com ele. Intimamente
Alejandro se sentia aliviado. Sentiu muito por
ter eliminado sua amada esposa, mas de forma
alguma deixaria uma besta fera à solta na sua
cidade e região e a mãe teve que ser sacrificada
para não correr o risco de que ela gerasse mais
uma filha após ter tido aquela aberração.
)
Miguel tinha receio de procurar uma imobiliária
a fim de localizar um imóvel para morar, mas por
outro lado não queria continuar morando em um
flat onde não se sentia bem e desejava ter
espaço para que a pequena Cristina pudesse
crescer saudável e assim pensando no domingo
logo cedo junto com a bebê e sua amada esposa
Izabel foram para a avenida Paulista e se
encantaram com o que ela era de fato.
O contraste daquela maravilhosa avenida o fez
refletir sobre a ideia de ir para qualquer
cidade do Brasil e ter resolvido pela capital
paulista poderia ser definido naquela
espetacular avenida.
Pessoas já cedo cruzavam-na a pé, de patinetes,
bicicletas, de patins, acompanhadas ou sozinhas
e até levando animais, mas muitas delas
passeavam por ali levando crianças junto de si
coisa que durante a semana seria impossível de
se fazer naquele lugar.
Encontraram museus, parques, praças, vários
bancos e gente, muita gente de todos os tipos,
cor e raça naquele lugar mágico. Porém, de tudo
isso o que mais lhe chamou a atenção foram
propagandas de imobiliárias que ficavam
justamente naquela avenida e anotando telefone
de três delas resolveu esperar até o dia
seguinte para consultar.
A ideia inicial dele e de sua esposa era morar
na capital, porém, em algum bairro mais afastado
daquela loucura, mas que pudessem encontrar paz
e sossego para criar sua pequena Cristina.
A noite passou, a manhã chegou e logo as nove da
manhã pegou o celular e ligou para uma das
imobiliárias e teve que se esforçar para que a
recepcionista entendesse sua língua, mas por fim
conseguiu falar com um corretor que lhe entendia
e disse o que desejava, porém, não disse que
tinha acabado de chegar no país e quanto
pretendia pagar por uma casa.
O corretor lhe pediu um email ou se poderia lhe
enviar pelo aplicativo e ele pediu para lhe dar
um tempo a fim de que seu sobrinho instalasse
para ele em seu celular. Combinou de retornar e
disse para Izabel que teria que comprar um
celular melhor para poder instalar algumas
coisas nele e foram juntos comprar.
Compraram em uma loja oficial de uma operadora
que transferiu o chip para o celular novo e
instalou o aplicativo de conversas para que ele
recebesse mensagens, documentos e fotos através
dele. Saíram da loja, voltaram para o flat e
Miguel ligou de novo para o corretor que lhe
passou alguns imóveis que possuíam em bairros
mais tranqüilos e em cidades da grande São
Paulo, mas o que sentiu foi que vários lugares
que lhe foram enviadas as residências eram
perfeitas, mas o custo muito elevado e ele não
tinha intenção de gastar tudo o que tinham em
uma residência.
Miguel não sabia o que fazer. Pretendia sair a
qualquer custo do flat, mas queria ir para um
lugar em definitivo e com ida e vindas um mês
todo se passou e nada dele decidir para onde ir.
Não tinha problemas de dinheiro que estava
aplicado através de um fundo seguro do banco,
mas nada de resolver para onde ir até que trinta
e três dias depois de estarem no flat sem querer
cruzou com um senhor de meia idade no saguão e
ele conversando com outra pessoa disse que
queria vender sua propriedade na cidade de Serra
Negra e não conseguia fechar negócio.
- Perdão senhor! O senhor disse que tem um
imóvel que quer vender na cidade de Serra Negra,
foi isso?
- Foi sim! Conhece lá?
- Não! Na verdade, nem sei onde fica, mas ouvi a
conversa e fiquei curioso.
- A propriedade em si é uma chácara com três
alqueires que ficam quase no centro da cidade e
que eram de meus pais que já faleceram.
- E quer vender porquê?
- Os filhos cresceram, se mudaram e a
propriedade ficou grande demais para minha
esposa e eu.
- O que tem na propriedade?
- Você está hospedado aqui?
- Estou sim! Eu, minha esposa e minha filha
ainda bebê.
- Garanto que adorariam a propriedade. Tem casa
grande com cinco quartas, toda reformada,
varandas, jardins, bem gramada e florida. Também
tem um pequeno pomar, piscina e outras coisas.
Vale a pena ver e se quiser te mostro os dados
dela e as fotos que tenho em meu quarto.
- Podemos ver? Eu e minha esposa?
- Claro que sim! Quer que eu traga aqui na
recepção ou prefere outro lugar?
- Pode ser em meu apartamento? Perguntou Miguel.
- Claro que sim!
- Vou combinar com minha esposa e o aguardo lá
daqui a uma hora, pode ser?
- Pode! Estarei lá. Meu nome é Gilton Valadão!
- Sou Miguel! Até daqui a pouco.
Se despediram e
Miguel subiu para seu apartamento cheio de
vontade de contar a novidade para Izabel que ao
ouvi-lo quis saber onde ficava aquela cidade e
depois de pesquisar e ver que era uma cidade de
estancia de água mineral com composição,
combinada a pequenas doses de radioatividade,
revelou serem as águas indicadas para os mais
diversos tratamentos de saúde. E isso agradou
muito Izabel. Uma hora depois Gilton lá se
encontrava.
- Izabel! Este é o senhor Gilton
Valadão. Somos Miguel
Hernandez Ruiz, minha jovem
esposa Izabel e nossa filha Cristina.
- Muito prazer senhora! Seu marido disse que
queria saber mais de minha propriedade.
- Buscamos um lugar tranquilo para que possamos
criar nossa filha.
- Então acharam! Lá é o lugar perfeito para
isso. Vou lhes mostrar as fotos.
Gilton lhes mostrou as fotos, a documentação de
que estava tudo em ordem e lhes convidou para
irem com ele até lá para conhecerem melhor a
propriedade e a cidade e ficaram tentados a
irem, porém, queriam saber o valor da
propriedade antes.
- Ela vale aproximadamente três milhões, mas
vejam a propriedade e façam a proposta e quem
sabe cheguemos a um acordo.
Miguel olhou para Izabel que assentiu um sim e
marcaram de ir logo pela manhã até lá e assim
foi feito. Seriam aproximadamente cento e
sessenta quilômetros em mais ou menos três horas
de automóvel e faltava pouco para as sete da
manhã quando entraram no veículo de um
desconhecido e partiram rumo a uma cidade que
poderia vir a ser o novo lar da família
Hernandez Ruiz e sem fazer qualquer parada duas
horas e vinte depois entravam pela via principal
da cidade,
Tanto Izabel quanto Miguel gostaram do que viam
ao passar pelas ruas da cidade e pareceu até que
a pequena Cristina gostara por ver tantas
árvores e flores e pouco tempo depois de
adentrarem na cidade chegaram a uma propriedade
toda murada, mas que após passarem pelo enorme
portão se depararam com um paraíso.
Viram que as fotos mostradas não faziam jus ao
que encontraram por trás dos muros. Casa ampla,
toda avarandada, totalmente gramada com grandes
jardins e tudo impecavelmente em ordem e bem
arrumado. Estacionaram o veículo diante da casa
principal e a porta se abriu. Uma senhora também
de meia idade saiu para recebe-los.
- Marly meu amor! Estes são Izabel, Miguel e a
pequena Cristina. Eles se interessaram por nossa
propriedade.
- Você disse dos problemas para eles?
- Não, mas isso nós discutiremos se eles
gostarem daqui.
- Problemas? Perguntou Miguel tentando se
adaptar ao idioma.
- Coisa boba, mas vamos ver a propriedade e
depois discutiremos isso.
- Tudo bem! Concordou Miguel e entraram.
Gilton e Marly lhes mostraram a casa toda.
Cômodo por cômodo foram vistos e em um deles até
um pequeno berço estava lá ainda e disseram que
era de sua neta quando vinha visita-los.
Depois disso saíram da imensa casa e foram ver o
restante da propriedade e não tinham visto nem a
metade ainda e começou a chover. Voltaram
rapidamente para dentro da casa e a chuva foi
aumentando de intensidade e fora um caso
estranho porque o sol estava forte no céu sem
sequer uma nuvem.
A chuva não diminuiu e Marly os convidou para
passarem a noite ali, afinal eles foram lá para
ver a propriedade e não seria justo se não
vissem tudo e mesmo Miguel desejando ir para um
hotel Izabel acabou convencendo-o a passar a
noite ali. Tudo foi arrumado e eles ficariam no
quarto que já continha o bercinho para
acomodarem a pequena Cristina. Depois disso
jantaram, conversaram, falaram da propriedade e
ficaram sabendo que ela estava na posse da
família desde os anos de mil e oitocentos e ali
moraram os pais, avôs e bisavôs de Gilton.
- Eu diria que esta casa é do tipo assombrada
por lembranças nossa do passado. Informou Marly
saudosamente.
- Assombrada! Indagou Izabel.
- Modo de falar nosso! Respondeu rapidamente
Gilton.
- Apesar de conhecer o idioma de vocês por causa
de um amigo português que morava perto de nossa
casa vejo que há muitas diferenças de idiomas,
mas ainda os entenderemos bem. Disse Miguel.
- Com certeza se adaptarão bem aqui no nosso
país. Falou Gilton.
Conversaram mais um pouco e depois se recolheram
e foram dormir. Acomodaram Cristina no bercinho
e depois se deitaram e Izabel teve a nítida
impressão de ter ouvido vozes nos corredores e
também sentiu como se alguém olhasse para
Cristina com atenção, mas nada disse porque
poderia ser apenas impressão de uma pessoa que
estivesse com sono. Acabou se acomodando melhor
e adormeceu.
Ao lado da cama onde dormiam Miguel e Isabel
algo ilhava atentamente para Cristina que sorria
e ficou olhando movendo a cabeça de um lado para
o outro até desaparecer de vez.
A manhã chegou e impressionantemente o sol
surgira cedo com uma força imensa e tanto Miguel
quanto Izabel esperaram ouvir movimento na casa
para saírem do quarto.
- Bom dia! Dormiram bem? Cumprimentou Marly ao
vê-los.
- Dormi sim! Respondeu Izabel.
- Vamos tomar café que vão ficar melhor.
Foram para a cozinha e lá encontraram Gilton
terminando de colocara a mesa e depois de
tomarem café saíram para ver o restante da
propriedade e conheceram quatro pessoas que
trabalhavam ali na propriedade a alguns anos e
que cuidavam de tudo e até das galinhas, porcos,
patos, coelhos, marrecos e até das quatro vacas.
Viram tudo e adoraram o que viram e voltaram
para a casa para tratar de negócios e Izabel não
estava entendendo porque Cristina olhava para um
ponto qualquer e ria feliz.
- O senhor disse que desejava receber três
milhões pela propriedade, foi isso? Perguntou
Miguel.
- Foi sim!
- Deixa eu te perguntar uma coisa! Ontem a
senhora disse que a casa era assombrada e eu
ouvi vozes de noite e passos no corredor.
Informou Izabel.
- Foi apenas uma forma e me expressar. Disse
Marly.
- Não sei se seria uma boa ideia virmos morar
aqui. Temos uma filha pequena e ela poderia
ficar impressionada. Falou Izabel.
- Não ficará não e precisamos vender para
podermos ir embora. Façam uma proposta então que
de repente fechemos. Falou Gilton aflito.
- Bem, já que minha esposa não acha uma boa
ideia então o máximo que eu poderia oferecer
seria de um milhão por tudo aqui.
- Um milhão e meio? Pediu Marly.
- Desculpe senhora, mas um milhão é minha maior
oferta por causa de minha esposa.
- Um milhão de que forma? Perguntou Gilton.
- Transferência bancária!
- Para qualquer conta que eu indicasse?
- Sim! Logo após transferir a posse da
propriedade.
- Fechado! Podemos ir até o cartório?
- Só depende dos senhores!
- Miguel! Bradou Izabel.
- Fique tranquila! Vai dar tudo certo.
- Podemos ir? Perguntou Marly.
- Sim! Podemos.
Saíram da casa grande, entraram no automóvel e
foram até o cartório onde foram prontamente
atendidos. Cuidaram da escritura da propriedade
e depois foram até o banco onde Miguel possuía
conta e lá fizeram a transferência da
importância de um milhão. Após isso e com tudo
documentado voltaram para a propriedade, Gilton
e Marly quiseram deixar o automóvel que estavam
usando e pegando outro mais velho colocaram
algumas malas dentro dele e se despediram
desejando felicidades para eles e foram embora.
- Será que estou ficando maluca Miguel?
- Porque meu amor? Respondeu Miguel.
- Não acho que eles estavam com pressa demais
para venderem e irem embora daqui?
- É! Também achei, mas pode ser que estão com
pressa para ver os filhos deles ou estavam
cansados de ficarem aqui sozinhos, mas não estão
sozinhos! Eles têm os empregados e são quatro
que devem ser amigos deles.
- Mesmo assim! Estou achando isso muito
estranho, porém, a propriedade é nossa e agora
nossa filha terá muito espaço para correr e
brincar. Falou Izabel feliz.
- Agora teremos que ir até a capital pegar
nossas coisas e fechar a conta lá do hotel e nos
mudaremos para cá de vez.
- Quando quer ir para lá? Perguntou Izabel.
- Amanhã de manhã se estiver tudo bem para você.
- Está sim, mas será que vai saber dirigir por
aqui?
- Amor! Eu tenho autorização para dirigir, se
esqueceu?
- Não foi a pergunta que fiz. Eu disse se
saberia ir até lá? Respondeu Izabel sorrindo.
- Ih! É verdade. Como faremos agora?
- A conta lá está paga até o final do mês?
- Está!
- Tem duas alternativas. Ou liga lá e pede para
enviarem nossos pertences para cá ou vamos até
lá de ônibus.
- Melhor eles mandarem! Vou ligar lá e pedir
isso para eles e amanhã vamos conhecer a cidade.
- Perfeito!
- Vou dar uma volta e reunir os funcionários
para dizer que a propriedade é nossa agora e que
tudo continuará como antes. Quer ir comigo?
- Não! Vou ver o que fazer nesta casa imensa e
pedir para a Cristina me ajudar.
- Até parece! Volto já.
)
Miguel saiu da casa e por mais que andasse pela
propriedade não encontrou nenhum dos
funcionários. Ficou encafifado e procurou por
cada lugar da fazenda e não encontrou ninguém e
depois de olhar de novo voltou para casa sem
saber o que estava acontecendo.
- O que foi meu amor? Perguntou Izabel.
- Estranho! Não encontrei com nenhum deles.
- Como assim!
- Andei de ponta a ponta três vezes, mas não
encontrei nenhum deles.
- Foi na casa que eles moram?
- Fui! Estava vazia.
- Olhou bem?
- Com certeza olhei, mas nada.
- Devem ter saído e ido até a cidade.
- Todos juntos?
- Talvez ficaram tristes porque os antigos donos
foram embora e também foram.
- Meio impossível isso não acha?
- Achar é uma coisa, mas impossível não.
Culturas diferentes, portanto, vá la saber.
- O que vai fazer agora?
- Já está tarde, mas se eles não voltarem amanhã
cedo vou até a cidade para saber deles.
- Tudo bem! Vá tomar um banho e depois descansa
um pouco. Vou preparar alguma coisa para a
Cristina e depois também irei tomar banho.
- Tudo bem! Só uma coisa, você reparou que a
nossa filha aqui fica olhando para algum lugar e
fica rindo?
- Reparei sim, mas é sorriso de alegria e
felicidade, então é coisa boa.
- Vamos torcer para que seja mesmo! Vou tomar
banho. Já volto.
Miguel saiu e se dirigiu para o banheiro da
suíte principal e sentiu-se estranho ali dentro.
Era como se olhos o vigiassem ou o
acompanhassem. Sentiu um arrepio, mas com a fé
que tinha se fez forte e foi tomar banho. Tomou,
se enxugou e voltou. Encontrou Izabel na cozinha
terminando de prepara algo para que comessem e
lhe dando um beijo foi tomar banho. Miguel ficou
com Cristina e ela só parou de olhar para um
lugar qualquer quando ele a pegou no colo e ela
sorriu para ele.
Enquanto ele brincava com Cristina indo tomar
banho Izabel também sentiu como se a olhassem e
firmando o pensamento pediu as bênçãos dos céus
e tudo aquilo desapareceu por completo. Tomou um
banho demorado na banheira e depois vestiu a
última troca de roupa que trouxera e após isso
voltou para a cozinha e não sentiu mais nada por
ali.
- Quer saber de uma coisa estranha amor?
- O que?
- Senti como se estivesse sendo vigiada ou
seguida com os olhos, mas depois que firmei
minha fé em Deus desapareceu no mesmo instante.
- Acredita que senti o mesmo quando fui tomar
banho?
- Será que esta casa é má assombrada?
- Não sei, mas se for a fé que temos no Criador
vai afastar tudo que haja por aqui.
- Eu creio nisso.
)
A noite chegou. Jantaram e depois de ver um
pouco de TV foram se deitar e mal tinham acabado
de pegar no sono Izabel acordou Miguel dizendo
que tinha gente na casa. Alarmado ele se
levantou e pegando um guarda-chuva saiu para o
corredor e nada encontrou. Foi até a sala e tudo
estava normal. Depois até a cozinha e voltou
olhando cômodo por cômodo. Não tinha medo e
confiava na fé em Deus e olhou tudo sem
encontrar nada.
Voltou para o quarto onde Izabel estava com
Cristina em seu colo olhando para lugar nenhum e
disse que nada havia encontrado e olhando com
atenção para o bebê viu que ela apontava o
dedinho em determinada direção.
- Filha querida! Sei que chegou para nós em um
presente de Deus a poucos dias, mas se está
vendo algo vou lhe pedir algo estranho, mas peça
para quem está vendo que pare de nos assombrar
aqui.
Izabel olhou para seu marido achando que ele
devia estar doido, pois onde já se viu pedir
algo daquele jeito para uma um bebê recem
nascido, mas ouvindo ou não, entendendo ou não,
pedindo ou não a partir daquele momento uma paz
intensa caiu sobre aquela casa.
Cristina parou de olhar para algum lugar e bem
acomodada dormiu na hora. Miguel e sua esposa
também se deitaram ainda temerosos com alguma
coisa assombrada, mas nada mais os incomodou e
conseguiram dormir sem mais nenhum contratempo e
assim a noite passou na calma
Acordaram logo cedo e ambos queriam saber onde
estariam os funcionários da propriedade e após
tomarem café e saindo para a varanda a fim de ir
ver se os encontrava viram os quatro parados la
fora esperando-os.
- O que aconteceu que não os vi aqui ontem à
noite?
- Patrão! Estávamos junto com a família Valadão
a muitos anos e com a ida deles embora
resolvemos que seria a hora de também irmos
descansar, mas eles nos pediram para que
ficássemos porque o jovem Cristina ainda poderia
precisar de nós e por isso voltamos e estaremos
aqui se deixarem por um bom tempo ainda.
- Claro que eu os deixo ficarem aqui e lhes
agradeço por isso.
- Não nos agradeça senhor! Agradeça aos nossos
antigos patrões e a pequena Cristina.
- Como agradecer a eles? Nem sei para onde eles
foram.
- Pode agradecê-los em orações que eles se
sentirão felizes e lembrados.
- Obrigado e farei um ajuste nos seus salários!
- Não queremos dinheiro senhor! Nunca
trabalhamos por dinheiro, mas se quiser dar
alguma coisa tem nossa autorização para doar
para crianças carentes.
- Não querem receber nada?
- Não senhor! Estamos aqui a muitos anos e temos
tudo o que precisamos, mas lhes agradecemos por
isso. Agora iremos trabalhar.
Saíram e voltaram aos seus afazeres. Miguel
tornou a entrar e comentou o que acontecera a
pouco e ela achou aquilo tudo muito estranho,
mas não tinha como argumentar aquilo e prometeu
a si mesma que os trataria ainda melhor do que
sempre tratava qualquer ser humano procurando
jamais os desapontar.
O dia passou. Miguel procurou ajudar aos
funcionários em seus afazeres. Izabel foi vê-los
e levou um bolo que fizera levando Cristina
junto e eles ficaram todos admirando aquele bebê
com um misto de encantamento com o de querer
protege-la e serem protegidos por ela.
Dispensaram o bolo e Miguel reparou no decorrer
do dia que eles não paravam nem para tomar água.
Terminado mais um dia Miguel retornou para a
casa e foi tomar banho. Voltou do banho e pegou
a pequena Cristina no colo e ficou brincando com
ela enquanto Izabel ia tomar banho. Sentou-se
com ela no tapete da sala impecavelmente limpo e
ficou ali até que sua amada esposa voltou e como
estava se habituando fazer Miguel colocou
Cristina em sua perna com as perninhas de lado e
balançando logo a fez dormir e depois seria só
colocá-la na cama e teriam tempo para eles
mesmos.
- Percebeu que ela está se acostumando a dormir
na sua perna?
- Percebi sim e estou adorando isso, pois é
sinal de que ela gosta de mim.
- E porque não gostaria de você
senhor
Miguel Hernandez Ruiz?
- É verdade! Não tem porque não gostar, não é?
- É sim, mas vamos deitar?
- Vamos e espero que nada haja de incidentes
está noite.
Não souberam responder se fora o pedido que
Miguel fez para Cristina pedir ou se haviam
desistiram de aparecer por ali, mas nada de
anormal ocorrera naquela noite e Cristina também
parou de olhar para algum ponto sem que nada
pudesse ser visto por ali. Tomaram café, se
arrumaram e iam sair para comprar algumas coisas
na cidade e chamaram Hernandes que era o tipo de
um capataz ali e lhe informaram que iam até a
cidade comprar algumas coisas e perguntaram se
eles queriam alguma coisa, mas disseram que já
tinham tudo o que precisavam ali.
Finalmente saíram da propriedade após o portão
ter sido aberto automaticamente e fechado logo
que o haviam ultrapassado. Seguiram rumo ao
centro e lá, na rua de maior comércio Miguel
estacionou o veículo deixado por Gilton e muitos
reconheceram o mesmo que já fazia muito tempo
que não rodava pela cidade. Desceram e entraram
em uma loja que trabalhava com roupas infantis e
escolheram bastante roupas para Cristina além
obviamente do carrinho onde ela foi colocada. A
vendedora os atendeu com certo receio por causa
do veículo estacionado bem diante da loja, mas
nada disse, afinal recebia comissão e a compra
estava sendo grande.
- Senhor! Me perdoe a indiscrição, mas este
veículo que o senhor está dirigindo não é o
doutor Gilton Valadão? Perguntou Vilma a gerente
da loja.
- Era sim! Comprei a propriedade ontem.
- Ontem?
- Sim!
- É grande a propriedade, não é?
- Maior do que pensávamos! Respondeu Miguel.
- O senhor não é brasileiro, né?
- Não! Viemos da Europa para cá!
- Está explicado então!
- O que está explicado?
- Nada não! Modo de falar.
- Frases sem sentido e sem explicação por aqui
se chama modo de falar?
- Mais ou menos isso! Respondeu Vilma.
- Entendi sem entender, mas por favor feche a
conta para eu poder pagar. Aceitam cartão?
- Aceitamos sim!
Miguel pagou a conta e logo depois saiu da loja
acompanhado de Izabel e Cristina. Vilma e a
vendedora ajudaram a carregar os pacotes dentro
do veículo e a instalar a cadeirinha no banco
traseiro. Deixaram o mesmo ali e foram para
outra loja que vendia roupas masculina e
feminina para adultos. Fizeram uma boa compra
com roupas para os dois e depois saíram e
colocaram os pacotes no veículo enchendo-o por
completo. Ajeitaram Cristina na cadeirinha e
voltaram para a nova propriedade deles e o
portão se abriu e fechou-se logo após eles
entrarem.
- Este veículo deve ter algum tipo de controle
remoto que abre e fecha este portão. Bem
interessante. Comentou Miguel.
- Deve ter mesmo amor!
Chegaram diante da propriedade e de longe viram
os quatro funcionários cada qual fazendo um
trabalho diferente. Acenou para eles e
descarregaram todas as roupas e depois entraram
para guarda-las em seus devidos lugares e
estavam arrumando quando a campainha tocou.
Olharam pela câmera que ali existia e viram que
era um caminhão de entregas. Miguel foi atender.
Eram o que eles haviam deixado no flat em São
Paulo, mas os entregadores se recusaram a entrar
e nem oferecendo gorjeta eles aceitaram passar
pelo portão e ele teve que levar tudo para
dentro sem ajuda alguma. Assinou mal-humorado a
minuta de entrega e fechou o portão de acesso
para pedestre, mas tão breve o portão foi
fechado Hernandes apareceu e o ajudou a levar
tudo para dentro.
- O que há de errado com estas pessoas
Hernandes?
- Porque pergunta senhor?
- Parecem que tem medo daqui!
- Este povo aqui do interior é deste jeito
mesmo, mas eles se acostumarão logo com o
senhor, sua esposa e a sua linda filha.
- Deus te ouça Hernandes porque temos a intenção
de vermos Cristina crescer e envelhecermos aqui.
- Foi o que fizemos também senhor! Disse
Hernandes na varanda e ele também não quis
entrar na casa.
- Entre Hernandes!
- Obrigado senhor, mas não vou entrar e este é
nosso jeito de ser.
- Tudo bem e obrigado por ter-me ajudado.
- Sempre às ordens senhor! Disse Hernandes
saindo.
Miguel entrou e comentou o que tinha acontecido
com Izabel que também não entendeu nada, mas
ambos acharam estranho aquele procedimento das
pessoas, mas deixaram para lá. Tinham que
comprar alimentos, mas deixaram para fazer isso
no dia seguinte, pois fora muita coisa para um
período só do dia. Isabel foi preparar o almoço
e depois de arrumar a cozinha com ajuda de
Miguel foram dar uma volta pela propriedade toda
murada e perceberam que os muros eram altos e
deveriam ter em torno de cinco metros de altura
e cercavam todo o espaço que agora pertenciam a
eles.
Viram com orgulho o pomar que havia no local
onde havia quase tudo e pensaram que os
funcionários não precisavam de nada porque ali
tinha um pouco de tudo. Desde legumes até
frutas. Além é claro dos animais que poderiam
lhes dar sustento caso não quisessem sair da
propriedade. Com isso a tarde passou, a noite
chegou e nem um ruído estranho eles ouviram. Foi
uma noite tranquila e logo pela manhã, após
tomarem café resolveram ir a um supermercado
adquirir o que acharam necessário para o mês.
)
Fizeram a compra e lá ninguém lhes deu atenção,
mesmo porque o estacionamento era grande e
passaram despercebidos. Voltaram para a
propriedade e depois de entrarem e o portão
estando fechados Hernandes apareceu novamente
para ajuda-los a descarregar, porém, levando as
compras apenas até a varanda e depois voltou
para o trabalho.
Não entenderam aquilo de não entrarem na casa,
mas procuraram mãos e preocupar com tal fato e
guardaram tudo e depois enquanto Izabel foi
cuidar da comida ele pegou Cristina e
sentando-se no tapete da sala o qual permanecia
completamente limpo e asseado ficou ali brincado
com ela.
Almoçaram depois e Izabel comentou que estava
impressionada de não haver sequer um grão de pó
dentro daquela casa e tudo permanecia em ordem
poupando-a de ter que limpar. A tarde passou, a
noite chegou e também passou sem qualquer som
diferente ou de lhes incomodar.
Os dias foram passando. Um mês se foi, outro
também passou e mais outro. Cristina crescia
forte e saudável e com isso cinco meses se
foram.
O pessoal da cidade já se acostumara com o casal
e a linda bebê e parecia que tudo parecia
caminhar para um futuro de paz e certo dia,
Miguel cansado de ficar trancado dentro de casa
foi para a cidade e lá soube que um empresário
falido no ramo de móveis queria vender sua
empresa ou buscava um investidor e resolveu
conversar com ele.
- Bom dia! O senhor está querendo vender sua
empresa?
- Bom dia! Na verdade, vender não seria bem o
caso. O que eu preciso mesmo é de um investidor
que resolvesse me ajudar a levantar minha loja
que é pioneira aqui na cidade.
- Ah! Me perdoe! Meu nome é Miguel Hernandez
Ruiz e moro aqui na cidade a cinco meses.
- Meu nome é Salomão Ortolan. O senhor por acaso
foi quem comprou a propriedade do Gilton?
- Eu mesmo!
- E o senhor é humano?
- Bem acho que sou! Respondeu Miguel sorrindo.
- E está vivo?
- Também acho que sou, porque a pergunta?
- Nada não!
- Vai me dizer que isso foi uma forma de dizer
as coisas?
- Não! É porque dizem que aquela propriedade é
mal-assombrada.
- Não vi nenhum fantasma lá desde que me mudei
para esta cidade.
- Deve mesmos ser coisa de pessoas que não tem o
que fazer. Falou Salomão.
- Bem por aí, mas qual seria o valor que
necessita para se recuperar?
- Veja bem! Tenho um atraso entre fornecedores e
bancos em torno de dois milhões e meio e com
mais um a loja que também produz os móveis
sairia do buraco e começaria a dar lucro.
Devagar, mas voltaria aos poucos no que foi até
pouco tempo atrás.
- Seriam então três milhões e meio, é isso?
- No máximo isso!
- O que prefere, um sócio ou um investidor?
- Não gosto muito de sociedade porque o sócio
que eu tinha foi quem me deixou nesta situação,
mas você me parece ser gente do bem.
- Quer um tempo para pensar? Estou cansado de
ficar em casa.
- Você entende de móveis Miguel?
- Na minha terra eu trabalhei com meu pai que
era marceneiro e que me ensinou bem a mexer com
madeira.
- Hum! Interessante. A loja que você está vendo
aqui faz parte de uma fábrica que temos e que
trabalha com móveis exatamente de madeira e já
está na família por três gerações.
- E este valor que citou é para cobrir as
dividas tanto a loja quanto a fábrica?
- Isso mesmo! Respondeu Salomão.
- Então faça o seguinte! Pense bem e amanhã
falaremos sobre isso de novo. Sem pressa e sem
compromisso. Se aceitar posso ser seu sócio e
trabalhar na fábrica.
- E vai deixar sua esposa e filha sozinhas lá na
propriedade?
- Tem algum problema nisso?
- Não! Foi apenas uma pergunta, mas ela faz o
que profissionalmente?
- Nos casamos cedo. Ela antes de nos casarmos
era assistente de contabilidade, mas pouco
depois que nos casamos ela estava para ser
promovida para a vaga da contadora que estava se
aposentando quando veio a ideia de virmos para
cá e aqui estamos nós.
- Vocês são novos ainda! Quantos anos tem?
- Eu tenho trinta e dois anos e Izabel tem vinte
e quatro. Nossa filha tem seis meses.
- Bem novinhos mesmo!
- Somos, mas pense bem na minha proposta e
amanhã conversaremos. Tudo bem?
- Sim! Gostei de você. Amanhã falaremos.
Se despediram e Miguel voltou para casa, mas não
antes de dar uma volta pela cidade e ver o que
havia de comercio por ali e constatou que de
móveis de madeira só havia a loja de Salomão.
Acabou fazendo mais que isso. Deixando o
automóvel estacionado saiu pelo comércio em si e
procurou saber sendo discreto sobre a loja de
Salomão e só ouviu elogios e sentiam que ele
tivesse tomado um golpe do ex sócio. Era o que
ele queria saber. Voltou para casa e comentou
isso com Izabel que ficou feliz por ver que
Miguel estava querendo sair da vida parada que
estava vivendo.
Em seguida pegou Cristina no colo e foi brincar
com ela até a hora do almoço chegar. Almoçaram e
depois foi andar pela propriedade e lá estavam
os quatro funcionários na lida do dia a dia. Não
quis incomodá-lo e apenas os cumprimentou de
longe.
Caminhou um pouco mais pela propriedade e depois
voltou para casa onde Izabel reclamou que não
tinha o que fazer, pois a casa parecia não sujar
e nem ter poeira e brincando Miguel disse que
talvez o pessoal da limpeza fossem a noite na
casa e limpava tudo sem fazer barulho.
- Você brinca é! Se eu ficar sem fazer nada vou
acabar engordando e não irá mais gostar de mim.
- Jamais deixarei de gostar de você, mas se quer
saber eu não gosto e sim amo muito você.
- Hum! Muito mesmo?
- Intensa e eternamente! Respondeu Miguel.
- Você fala quantos idiomas amor?
- Como quantos idiomas? Ei senhor Miguel, está
falando com quem mesmo?
- Foi só uma pergunta! Respondeu Miguel
sorrindo.
- Sabe bem que falo espanhol o que é obvio,
francês e alemão, fora o português que estou
aprendendo, porque quer saber isso?
- E se montássemos uma escola de idiomas? Você
poderia dar aulas e não ficaria parada.
- Que ideia boa, mas fazer isso aqui?
- Não! Aqui não viria ninguém, pois acham que
esta propriedade é mal-assombrada, mas podemos
montar uma escola pequena inicialmente na
cidade. Acredito que daria certo.
- Bem interessante! Disse Izabel animada.
- Vamos aguardar a resposta de Salomão amanhã e
independente do que ele disser veremos a sua
pré-escola de idiomas, pois acredito que valerá
a pena investirmos aqui nesta cidade.
- Também estou achando isso meu amor.
Mais uma noite chegou e foi ainda mais tranquila
que as demais. Parecia que tudo estava entrando
nos eixos e a paz finalmente reinava no seio
daquela família tão sofrida no passado não tão
distante e agora faltava pouco para que eles
quem sabe, até tentassem novamente terem um ou
mais filhos. Pelo menos era está a ideia de
ambos.
)
Aquele foi um dia diferente de todos os outros
que passara ali na cidade desde que chegara. O
sol desapareceu e uma névoa cobriu a cidade e a
temperatura caiu, mas nada de anormal, pois este
era o clima normal da região e não o sol
escaldante que vinha ocorrendo.
Levantou-se, tomou banho, se enxugou e logo
depois Izabel fez o mesmo. Prontos os dois
cuidaram da pequena Cristina que já tentava
falar alguma coisa e dois dentinhos apareceram
na sua boca, juntos e em cima. Todos arrumados
tomaram café e saíram rumo à loja de Salomão.
Chegaram e foram recebidos tanto por ele quanto
por sua esposa e duas filhas, Sueli, Cássia e
Fernanda. Apresentaram-se e as três adoraram a
pequena Cristina. Fernanda quis carregar a
pequena e está sorriu para ela quando foi pega
no colo.
- Meu marido me disse da sua pretensão em
ajuda-lo! Disse Sueli.
- Sim! Chegamos aqui e não consigo ficar parado
e ia montar algo quando soube das dificuldades
de vocês.
- Vocês estão morando na casa mal-assombrada?
- Na verdade, não sei porque esta fama, pois não
vimos nada de anormal lá.
- Vocês são humanos?
-Já respondi está pergunta algumas vezes, mas
garanto que somos bem humanos e também estamos
vivos desde que nascemos.
- Desculpe minha ignorância, mas é que eu sempre
desvio do caminho quando tenho que passar lá
perto. Falou Sueli constrangida.
- Se desejarem ir lá fazer uma visita ou até
dormir lá serão muito bem-vindos.
- Desculpe-me, mas tenho receio ainda.
- Eu e a Fê adoraríamos ir lá e até dormir lá se
deixassem.
- A casa está aberta para qualquer um de vocês
se desejarem.
- Grato, mas vamos tratar de negócios porque
senão ficaremos aqui até amanhã ouvindo as
minhas três preciosidades. Falou Salomão
sorrindo.
- Antes de saber da decisão dos senhores eu
gostaria de saber se sabem onde há um espaço
para que Izabel possa montar uma pequena escola
para ensinar outros idiomas para a população
daqui.
- Quais idiomas? Perguntou Fernanda curiosa.
- Espanhol, francês e alemão. Estes eu falo
fluentemente.
- Que inveja! Eu mal sei falar o português
direito. Comentou Salomão.
- Podemos fazer espanhol e francês lá papai?
Perguntou Cássia.
- Vamos conversar sobre isso, mas a priori podem
sim. Agora falemos da fábrica e da loja.
- O que resolveram?
- Estivemos conversando e depois do golpe que
tomamos poderemos aceitar sim, mas com algumas
restrições. Falou Sueli.
- Quais restrições?
- O patrimônio da fábrica aliada ao patrimônio
da loja que são nossos gira em torno de dez
milhões e você, se posso lhe chamar assim estará
nos salvando com três milhões e meio e a única
restrição seria quanto ao percentual da divisão
das duas empresas que eu calculei em sessenta
por cento para nós e quarenta por cento para
vocês. No demais não temos restrições alguma.
- Vamos fazer diferente! O patrimônio de vocês
segundo balanços e apontamentos de bancos,
fornecedores e imobiliárias locais bate nos dez
milhões, mas não seria justo eu entrar com três
milhões e meio e ficar com quarenta por cento e
proponho que nós fiquemos com trinta e cinco por
cento e vocês sessenta e cinco, pois desta forma
eu acho justo e vão querer saber como que eu sei
destes dados que informei e os mesmos estão bem
em cima da mesa abertos e eu só precisava olhar
para ver.
- Viu tudo isso aqui em cima neste pouco tempo
que estamos conversando?
- Sim! Sou bom observador e muito detalhista.
- Caraca! Nem pegando nas mãos eu teria visto os
detalhes. Disse Cássia sorrindo.
- O que me diz, aceita? Perguntou Miguel.
- Nossa! Tem certeza disso que está propondo?
Perguntou Sueli.
- Absoluta! Se não concordar eu não fecho
negócio. Respondeu Miguel.
- Mas aí você perde dinheiro? Falou Salomão.
- Não estou perdendo! Na verdade, quem sabe como
comandar o negócio não sou eu e como disse sou
muito observador e detalhista, mas se me der uma
oportunidade eu gostaria de poder aprender com
os seus marceneiros aqui a arte que meu pai me
ensinou.
- É isso mesmo que quer fazer na sua
participação?
- É sim! Aceita?
- Mesmo não achando justo eu aceito sim porque
senão as áreas da loja e da fábrica poderão ser
penhoradas pelos bancos.
- Então providencie o contrato social que
assinamos, mas antecipadamente posso lhe
adiantar a importância combinada.
- Posso lhe fazer uma pergunta? Perguntou
Cássia.
- Pode sim?
- Você é humano mesmo ou veio de outro planeta
para agir desta forma?
- O humano eu já respondi, mas não vim de outro
planeta, eu vim de um país, do outro lado do
Atlântico onde não confiamos em ninguém, mas seu
pai mostra a integridade dele através de seu
olhar.
- Nossa! Me convenceu. Se nos deixar conhecer a
propriedade eu aceitarei com prazer. Disse Sueli
emocionada pelas palavras de Miguel.
- Só marcarmos e poderão ir, mas primeiro vamos
acertar as coisas das empresas.
)
Acertaram os detalhes, chamaram o contador para
providenciar o contrato social e enquanto isso
Miguel fez questão de que Salomão fosse com ele
no banco a fim de transferir a importância e
para facilitar ambos tinham conta na mesma
instituição bancária. Fizeram a transferência do
dinheiro, Salomão lhe passou um recibo e saíram
voltando para a loja onde as cinco mulheres os
aguardavam.
- Graças ao Miguel o problema será resolvido
hoje ainda. Disse Salomão agradecido.
- Deus te abençoe Miguel. Estávamos
desesperados. Falou Sueli.
- Não tem que me agradecer. Agora é colocar a
mão na massa e vamos produzir, mas podem me
ajudar com relação à área para a escola de
Izabel?
- Tem ideia do tamanho que deseja? Perguntou
Salomão.
- Não sei ainda, mas sei que a população da
cidade gira em torno de vinte e seis mil, estou
certo?
- É aproximadamente isso mesmo!
- Então, teoricamente com esta população existe
aqui em torno de sete a nove mil crianças e
adolescentes. Creio que seja isso se minhas
contas não estiverem erradas.
- Deve ser por aí mesmo, mas eu tenho um amigo
que tem um espaço duas lojas depois da nossa
aqui que fechou e quer passar para frente o
prédio todo.
- Interessante! Tem ideia de quanto ele quer
pelo imóvel?
- Tenho! Ele quer trezentos e oitenta mil, mas
se pechinchar ele pode fazer valor mais baixo.
Só que não pode saber que você me ajudou aqui
porque senão ele não baixa. Quer ir lá ver o
local?
- Quero!
Saíram e desceram pela mesmo lado da calçada
apenas duas lojas e se depararam com um espaço
que agradou tanto a Miguel quanto à Izabel. Na
vidraça havia uma placa de vende-se e com
Salomão à frente entraram e constataram que o
espaço interno era bem amplo, porém, já todo
desocupado.
- Bom dia Sandoval! Quero te apresentar duas
pessoas.
- Oi Salomão! Pois não.
- Estes são Miguel, Izabel e a pequena Cristina.
- Muito prazer! No que posso lhes ajudar?
- Salomão nos disse que estava vendendo a sua
loja e viemos por isso.
- É! Como podem ver eu já fechei e estou
vendendo o meu prédio e se lhes interessar ele
está à disposição para que olhem.
- Podemos?
- Claro! Fiquem à vontade.
Miguel e Izabel olharam tudo e gostaram do que
viram. Era muito maior do que tinham em mente,
mas seria perfeito, pois ficava na rua principal
da cidade e vendo-o voltaram até onde estava
Salomão com seu irmão e confirmaram que lhes
agradara e quanto ele queria pelo imóvel.
Sandoval pediu quatrocentos e cinqüenta mil, mas
acabou fechando por trezentos e vinte. Ajustaram
a composição do contrato de compra e venda e no
dia seguinte assinariam a escritura de
transferência. Izabel estava radiante de
felicidade. Calculava que teria ao menos vinte
alunos inicialmente e duas delas ela já
conquistara que eram as filhas de Salomão.
Voltaram para casa com ela radiante e Cristina
parecendo entender compartilhava da felicidade
de sua mãe.
Chegaram na propriedade. O portão se abriu
automaticamente. Entraram e ele fechou da mesma
forma. Miguel estacionou diante da casa, viram
os funcionários trabalhando, cumprimentou-os e
entraram e respiraram aliviados.
Em um único dia Miguel adquirira trinta e cinco
por cento de uma loja e de uma fábrica e
adquirira um espaço onde Izabel poderia
trabalhar dando aula e gerenciando uma escola de
idiomas. Tudo estava perfeito. Aliás, perfeito
demais e se o duque Alejandro Ávila Lacerda por
acaso soubesse disso, com certeza ficaria
surpreso.
- O que pretende fazer lá na sua nova escola meu
amor?
- É bem grande e pensei em fazer algumas salas e
com isso abrir vagas para mais umas três ou
quatro professoras de idiomas.
- Excelente ideia!
- Também se tiver algum programa do governo
poderíamos conceder bolsas de estudo para as
pessoas carentes.
- O Salomão deve saber algo sobre isso, vou
perguntar para ele.
- De uma coisa eu sei. Nossa filha não deve ser
influenciada pela nossa língua mãe e sim pelo
idioma daqui do Brasil e depois, com calma
poderei ensina-la os outros que eu sei.
- Também é uma ótima ideia e amanhã veremos a
reforma lá da escola para que você possa começar
rapidinho a ensinar os interessados.
- Obrigada meu amor! Respondeu Izabel
agradecida.
A tarde passou, a noite chegou e foram dormir e
durante o sono viu Gilton e Marly chegando ali
na propriedade, mas não quiseram entrar. Foram
apenas para lhe agradecer e à sua esposa Izabel
por estar ajudando pessoas da cidade natal deles
e do nada, depois disso desaparecendo fazendo-o
acordar surpreso.
- O que foi meu amor? Perguntou Izabel vendo-o
acordar sobressaltado.
- Nada! Foi apenas um sonho.
- Com o que sonhou, posso saber?
- Pode! Sonhei que Gilton e Marly vieram aqui,
não entraram, mas me agradeceu.
- Nossa! Que coisa, mas agradeceram porquê?
- Por estarmos ajudando as pessoas da cidade
deles e do nada desapareceram e eu acordei.
- Você disse que eles não quiseram entrar?
- Isso! Fui vê-los lá no portão. Estranho, não
acha?
- Realmente muito estranho, mas porque será que
as pessoas têm medo ou receio desta casa?
- Não tenho a menor ideia, mas temos que acabar
com isso de casa mal-assombrada.
- E como fazer isso?
- Não tenho a menor ideia, mas espero que isso
não atrapalhe a sua escola.
- Não vai atrapalhar. Confie em nosso Deus meu
amor.
- Eu confio e sempre confiarei. Respondeu Miguel
se deitando de novo.
A noite passou, novo dia chegou e logo cedo
foram para a cidade. Os quatro funcionários já
estavam na lida. Os cumprimentou e saíram e
foram direto para o prédio onde seria a escola.
Cristina estava radiante vendo movimento
passando pela janela do automóvel.
Miguel abriu a porta, entraram e contemplaram
todo o ambiente. Izabel deu algumas ideias do
que desejava fazer ali e depois disso visto, as
ideias na cabeça foram até Salomão e perguntaram
para ele sobre pedreiros na cidade e também
sobre projeto social.
Pedreiro ele indicou um que era de confiança,
mas quanto ao programa social do governo ele
disse desconhecer, mas elogiou a ideia de ajudar
aos necessitados e deu uma sugestão de que ela,
como o prédio era próprio e seria ela a dar
aulas, quem sabe, ela poderia conceder algumas
bolsas de estudo para pessoas carentes. Izabel e
Miguel adoraram a ideia e acreditavam que isso
poderia ser uma excelente propaganda para
inscrições na escola e se isso acontecesse
poderiam contratar mais professoras e abrir
outras opções de idiomas.
Cuidaram de tudo e doze dias depois inauguraram
o espaço da escola e ao contrário do que Izabel
esperava poucas pessoas compareceram na festa,
mas isso não a abalou, pois confiava em Deus
sobre todas as coisas e ela iniciaria dando
aulas para cinco pessoas.
)
Cássia e Fernanda e mais três amigas delas foram
as primeiras e o assunto logo que se sentaram
nas cadeiras da sala de aula foi desejarem saber
se a imensa propriedade murada era de fato
assombrada e sorrindo dizendo que não as
convidou para conhecerem a casa dela deixando-as
excitadas com a possibilidade de passarem por
aquele imenso portão.
Izabel disse que ia combinar com seu marido
Miguel e cuidariam de tudo para recebe-las até o
final de semana e quando contou para ele
primeiro ele não achou boa ideia, mas com as
insistências de sua amada esposa concordou em
recebe-las lá e marcaram para o próximo sábado.
Foram convidadas além das cinco jovens Salomão e
sua esposa Sueli que estava ainda receosa de
irem até lá. Voltando para casa Miguel chamou os
quatro funcionários para comunicar-lhes sobre a
visita.
- Senhores! Sei que são discretos e que não
gostam de aparecer, mas convidei para virem aqui
no final de semana alguns amigos e me senti na
obrigação de comunica-los por isso.
- Virão passar o final de semana todo senhor?
Perguntou Hernandes.
- Não meu amigo! Virão apenas no sábado, comerão
algumas coisas, mostrarei a propriedade para
eles e depois irão embora.
- O senhor se incomodaria se nós não nos
mostrássemos para eles?
- Não sei porque isso, mas não, eu sentirei
falta de vocês na apresentação da casa e da
propriedade, mas se este for o desejo de vocês
eu os respeitarei.
- Ficamos agradecido por isso senhor além de
ficarmos felizes por nos comunicar com
antecedência e nos sentimos respeitados por
isso.
- Sempre os respeitarei, pois fazem parte de
nossa família aqui. Sou eu, minha esposa, nossa
filha e vocês quatro e sou eu quem os agradeço
por isso.
- Obrigado! Disseram os quatro e se retiraram
voltando para os seus afazeres.
O dia passou e os outros também passaram e
finalmente chegou o sábado. Izabel estava
agoniada e preocupada temendo que algo
acontecesse. Cristina sorria a todo momento se
sentindo feliz e quase balbuciando algo
entendível. Já Miguel estava tranquilo porque a
um bom tempo nada de anormal havia acontecido de
anormal, mas mesmo assim ele se aproximou de sua
pequena filha e pediu para que ela pedisse por
ele autorização aos amigos invisíveis, caso
houvessem a fim de receber novos amigos.
Cristina simplesmente olhou séria para ele e
depois sorriu como se entendendo as suas
preocupações.
Passava doze minutos das onze da manhã quando
Salomão, Sueli, Cássia, Fernanda e suas três
amigas chegaram em dois automóveis. Miguel os
aguardava ao lado do imenso portão e ao vê-los
se aproximando acionou o controle remoto e ele
se abriu, mas antes deles entrarem Salomão parou
o seu veículo pouco antes de passar e Sueli
perguntou se eles poderiam e as meninas no
veículo atrás do deles poderiam entrar e foram
autorizados.
Miguel sentiu nisso mais como um pedido de
respeito para com ele ou para quem quer que
fosse que deram fama de casa mal-assombrada
àquela propriedade. Ele indicou onde deveriam
estacionar e os dois veículos entraram. Fechou o
portão através do controle remoto e foi até onde
tinham acabado de estacionar sendo recebidos por
Izabel e a pequena Cristina.
- Sejam bem-vindos! Cumprimentou Izabel feliz.
- Obrigada querida! Que lugar mais lindo este
aqui. Respondeu Sueli.
- Lindo mesmo e muito bem cuidado! Disse
Salomão.
- Temos quatro fieis amigos que cuidam de tudo
por aqui e que dedicam seu carinho por cuidar
daquilo que não é só meu, de Izabel e de nossa
pequena Cristina, mas sim de todos, nós e eles.
Comentou Miguel.
- Eles estão por aqui? Perguntou Cássia curiosa.
- Não! Hoje é o dia de folga deles e saíram
cedo. Respondeu Miguel.
- Venham por favor! Vou lhes mostrar a casa
sede. Convidou Izabel.
Entraram na bela residência e Fernanda fez
questão de pegar Cristina no colo. Izabel
mostrou a casa toda e depois foram para a
varanda onde ela tinha preparado algumas coisas
para que eles comessem e ali sentaram e ficaram
olhando até onde conseguiam ver o que compunha a
imensa propriedade.
- É tudo bem cuidado aqui assim? Perguntou
Sueli.
- Diz do gramado, do piso, das flores, da casa e
dos jardins?
- Sim! Cada pedaço daqui é deste jeito. Tudo bem
cuidado.
- Exatamente deste jeito, até os estábulos, as
plantações, o pomar e o riacho.
- Tem um riacho aqui? Perguntou Salomão.
- Temos sim! Lá na divisa do muro na parte leste
da propriedade.
- Pode nos mostrar a propriedade? Perguntou
Fernanda.
- Claro! Posso sim, mas não quer comer primeiro?
- Ela é toda calçada desta forma?
- É sim, menos debaixo das árvores e dentro do
riacho. Respondeu Miguel sorrindo.
Saíram e caminharam pela propriedade. Pegaram
frutas direto do pé. Viram os animais domésticos
e viram o riacho que surgia de um lado passando
por baixo do muro e terminavam do outro lado da
mesma forma. Depois viram a casa dos
trabalhadores, mas lá educadamente Miguel
desviou para que não fossem e quase duas horas
depois voltaram para a casa sede impressionados.
- Este lugar é um paraíso! Comentou Cássia.
- Impressionante! Disseram as três amigas.
- Um lugar para se esquecer do mundo! Falou
Sueli.
- Estou sem palavras! Moro aqui a anos, conheci
os antigos proprietários e nunca vim aqui. Lhe
agradeço de coração por me proporcionar o prazer
de ver este lugar mágico. Enfatizou Salomão.
- Agora vamos comer algo?
- Vamos! Disseram todos.
Se alimentaram, conversaram, ajudaram Izabel a
arrumar a louça suja e o dia já estava
terminando quando se despediram para irem embora
e uma certeza levavam consigo, a de que ali só
devia ser mal-assombrado para pessoas ignorantes
que não sabiam o paraíso que se escondiam por
trás daqueles imensos muros.
- Obrigado por ter nos recebido neste lugar
maravilhoso. Falou Sueli.
- Serão sempre bem-vindos aqui! Respondeu
Miguel.
O portão foi aberto. Eles saíram e Miguel
acionando o controle remoto fechou o mesmo.
Voltou para a casa e abaixando diante do
carrinho onde estava Cristina a agradeceu e
pediu para que ela agradece aos seus amigos.
- O que disse para ela amor?
- A agradeci e pedi para que ela agradecesse os
amigos invisíveis dela.
- Você acredita que hajam amigos invisíveis
aqui?
- Não acredito apenas, tenho certeza de que tem
e que eles são solidários à nós.
- Vou começar a prestar atenção nisso então!
- Não faça isso! Deixe-os serem felizes vendo
que também estamos.
)
O final de semana passou e na segunda quando
Miguel ia deixar Izabel e Cristina na escola
tiveram uma surpresa. Uma fila com mais de cem
pessoas aguardava a porta ser aberta.
- O que será isso? Perguntou Miguel.
- Não sei, mas Fernanda, Cássia e as suas amigas
estão lá na frente.
- Será que são novos alunos?
- Badernas não pode ser. Respondeu Izabel
sorrindo.
Miguel estacionou o automóvel, pegou Cristina no
colo e atravessaram a rua. Fernanda e Cássia
correram até eles e informaram que comentaram
com as amigas e elas comentaram com outros
amigos e muitos quiseram estudar algum dos
cursos dados por Izabel.
- Quantos tem aí, tem ideia?
- Não contamos, mas achamos que mais de duzentos
virão e não vai dar conta.
- Porquê disso tudo? Perguntou Miguel.
- Porque contamos para nossas amigas que
estivemos lá na sua casa e por trás daqueles
imensos portões tem um paraíso que valeria a
pena conhecer e que de fantasma lá só haviam os
que estavam na cabeça dos ignorantes.
- Nossa! E isso fez com que eles mudassem de
ideia quanto a nós? Perguntou Izabel.
- Não estão sabendo ainda? Disse Fernanda.
- Sabendo o que? Perguntou Miguel.
- Meu pai ia fazer surpresa para vocês, mas como
gostei da notícia quero dá-la eu mesmo.
- Que notícia? Insistiu Miguel.
- Sábado quando começamos a ligar para nossas
amigas e amigos eles comentaram com os pais
deles e ontem ainda começaram a ligar para papai
querendo saber qual seriam os prazos para
entregar móveis, pois sabiam também que a loja e
a fábrica de vocês não iriam fechar mais.
- Que notícia boa! Vou falar com seu pai daqui a
pouco, mas farei de conta que não sei de nada.
Falou Miguel sorrindo.
- Acho que irá precisar de ajuda para atender a
todos, não irá? Perguntou Cássia.
- Acredito que sim! Respondeu Izabel sorrindo.
Se dirigiram para a porta, as pessoas que
estavam lá se afastaram educadamente para que
eles passassem e entraram logo em seguida em
fila ordenada diante do balcão da recepção que
havia na escola. Queriam fazer os cursos que
Izabel mesma dava, mas perguntaram sobre cursos
de inglês e mandarim, que Izabel prometeu que
teriam em pouco tempo.
Na verdade, o que aqueles alunos queriam de fato
além de estudarem era conhecer a propriedade que
durante anos foi motivo de medo, mas depois que
Fernanda, Cássia e as outras amigas falaram do
que havia por trás dos muros o desejo de
conhecer lá ecoou entre eles.
Para tanto, Izabel teve que abrir três horários
provisoriamente de duas horas cada um o que
poderia fazer tranquilamente, mas precisaria
contratar uma babá para cuidar de Cristina
enquanto ela estivesse ocupada nas aulas e está
de forma algum deveria sair das dependências da
escola que por sorte possuía uma cozinha bem
aparelhada e uma outra dependência que poderia
servir de dormitório para que o bebê descansasse
após dormir.
Tudo foi parcialmente resolvido e naquele dia,
enquanto ela desse aula que começaria já naquela
data para alguns alunos Miguel assumiu que
ficaria com ela e tudo foi resolvido
rapidamente.
Izabel entrou para dar sua primeira aula a um
grupo de trinta alunos e Miguel antes de sair
para ir ter com Salomão ligou para uma agencia
de empregos e disse que precisaria de uma
recepcionista e uma segurança, além de perguntar
sobre a possibilidade de eles terem alguém de
confiança para ser babá da pequena menina.
- O senhor tem os dados da empresa para me
passar, por favor! Pediu a pessoa da agencia.
- Ainda não! Acabamos de abrir a escola.
- Meu senhor! Sem os dados da empresa não
poderemos dar prosseguimento em agendamentos.
- Quanto tempo se leva para abrir uma empresa
legalmente neste país?
- Não tenho ideia, mas isso é algo que tem que
ver com seu contador.
- Podemos dar prosseguimento passando os dados
da loja de móveis ou da fábrica?
- Um momento! O senhor é quem é o sócio do
doutor Salomão?
- Sou sim, porque?
- Um momento! Pediu a jovem passando o telefone
para outra pessoa.
- Bom dia! Acredito que seja o
senhor Miguel
Hernandez Ruiz, é isso?
- Sou sim, porque?
- Meu nome é Osvaldo Martinez Kupper e sou o
supervisor aqui da agencia. Será um prazer tê-lo
como nosso cliente e se desejar, até que tudo
esteja regularizado da escola poderia usar seus
dados ou da sua esposa para lhes enviarmos os
candidatos para que os entrevistem e contratem.
Fica bem assim para o senhor?
- Perfeito! Não gostaria de fazer uma visita
aqui na escola que acabamos de abrir?
- Seria um prazer e estamos pertos, ou seja,
estamos a meia quadra de distância. Quando
poderia ser?
- Agora se for possível!
- Estarei aí em até quarenta minutos então. Vou
resolver algumas coisas e já irei.
- Estarei lhe aguardando! Até daqui a pouco.
Disse Miguel se despedindo.
Miguel olhou para sua filha que estava no
carrinho e baixando lhe agradeceu por ela estar
dando sorte para eles e entendendo ou não ela
olhou para seu pai e sorriu. Não demorou muito e
Osvaldo chegou.
- Bom dia doutor Miguel! Sou Osvaldo da agencia
de empregos.
- Bom dia! Muito prazer!
- O senhor disse que precisaria de uma
recepcionista, uma babá e uma segurança. Foi
isso?
- Também vamos precisar de três ou quatro
professoras de inglês que sejam fluentes.
- Temos estas candidatas lá para enviar e os
senhores fazerem uma entrevista e definirem
quais são as melhores.
- O que precisamos fazer para isso?
- Precisamos apenas fazer um cadastro que poderá
ser de pessoa física enquanto os documentos não
ficam prontos apenas por mera formalidade da
empresa.
- Sem problema, mas uma pergunta, tem uma babá
que seja de extrema confiança e responsável?
- Temos sim, mas obviamente os senhores deverão
entrevistar os candidatos e escolherem o que
lhes parecer melhor para cuidar desta menina
linda e também trabalhar na escola. O que
podemos garantir é que todas as candidatas nós
investigamos todas a fim de não ter problemas
com a justiça, mas uma curiosidade minha, porque
segurança mulher?
- Intuição minha. Acho que trabalhar com mulher
em uma escola dá um ar mais maternal.
- Nunca pensei nisso e achei uma excelente
ideia.
- Se for possível uma que tenha formação em tiro
e treinamento de defesa.
- Acho que tenho uma lá que será perfeita. Ela é
meio durona e não se dá bem em nenhuma empresa
justamente por ser bem treinada.
- Mas ela sabe ser educada e atenciosa?
- Garanto que sim, mas quando a ver, se sua
esposa não for muito ciumenta vai contratá-la,
porém, nem tente lhe passar qualquer tipo de
cantada.
- Este risco ela não correrá comigo, porque eu
amo muito minha esposa.
- Vai gostar da espanholinha!
- Espanhola!
- Sim! Ela nasceu em Madri, mas veio para cá
quando tinha três anos de idade e por aqui
ficou.
- Interessante! Qual é o nome dela?
- Úrsula!
- Espanhola com o nome de Úrsula! Surpreendente.
- Segundo ela, seu pai era fã dos filmes do
James Bond e por causa de um destes filmes,
vendo a Úrsula Andress trabalhando junto ao Sean
Connery colocou o nome da atriz nela.
- Eu também gosto dos filmes do James Bond, mas
quantos anos ela tem?
- Se eu não me engano ela deve estar com vinte e
oito anos.
- Pode pedir para ela vir aqui conversar comigo.
Quanto as demais encaminhem que a Izabel fará a
entrevista com elas.
- Posso te ajudar em mais alguma coisa?
Perguntou Osvaldo depois de pegar os dados.
- Não! Por hora é isso. Obrigado.
Se despediram e Osvaldo foi embora e a hora que
Izabel teve uma folga ele lhe comunicou tudo o
que ele pedira para a agência inclusive a
segurança e a babá e justificando os motivos.
Izabel adorou a ideia e logo voltou para outra
sessão. Depois disso eles iriam juntos até a
loja ouvir o que Salomão iria lhe contar.
)

(Para ler mais somente no
livro agora)
|
|
|
|