Título original: Mercúrio

Romance / Ficção

1ª edição

Copyright© 2024 por Paulo Fuentes®

Todos os direitos reservados

Este livro é uma obra de ficção.

Os personagens e os diálogos foram criados a partir da imaginação do autor.

Autor: Paulo Fuentes

Preparo de originais: Paulo Fuentes

Revisão: Sônia Regina Sampaio

Projeto gráfico e diagramação:

Capa: Paulo Fuentes

Todos os direitos reservados no Brasil:

Paulo Fuentes e El Baron Editoração Gráfica Ltda.

Impressão e acabamento:

 Apoio Cultural:

Esta é uma obra de ficção romanceada...
Qualquer semelhança com fatos presente, passado ou futuro...
Pode ser mera coincidência.
(nota do autor)

Natal, Rio Grande do Norte
Base aérea, 17 de março de 2115.

• O senhor só pode estar de brincadeira doutor Sandoval.

• Porque acha isso coronel?

• Quer planejar uma missão para Mercúrio, foi isso que disse, não foi?

• Foi!

• Está maluco doutor?

• Não!

• Quer que enviemos uma nave para o planeta Mercúrio, o menor planeta do sistema solar e que está teoricamente no quintal do sol, seria isso que sugeriu?

• Isso mesmo!

• Acho que não sabe que a temperatura do planeta anão gira em média de cento e sessenta e seis podendo chegar até quatrocentos e vinte e seis graus, ou sabe?

• Coronel Eduardo! Vou ser bem objetivo com o senhor. Quer me ouvir?

• Vamos ver o que tem para me dizer doutor!

• O que sabe precisamente sobre este planeta do qual estamos falando?

• Quer a minha opinião sobre ele?

• Quero e depois direi o porquê de mandarmos uma missão para lá.

• Pois bem espertinho. Mercúrio é o planeta que está mais próximo do sol e podemos dizer que lá se encontre a temperatura mais intensa de todo nosso sistema solar e que a vida lá seria humanamente impossível, portanto, gastar dinheiro, tempo e alguma tentativa para lá seria um desperdício total.

• É isso que pensa de Mercúrio coronel?

• Poderia esticar mais sobre as minhas considerações, mas seria perda de tempo.

• Pois bem! Posso falar agora?

• Esteja à vontade.

• Não sei se sabe, mas acredito que tenha lido sobre tudo que se tem relato do planeta para vir me questionar, não é?

• Sim!

• Sabe então das duas missões não tripuladas para lá denominadas de Mariner 10 e a Messenger, correto?

• Sim! Foram duas sondas norte americanas que se aventuraram a irem até lá nos anos de mil novecentos e setenta e quatro e a segunda em dois mil e onze, correto?

• Isso mesmo! Prossiga doutor.

• E o que elas encontraram lá?

• A certeza de que lá seria humanamente impossível a sobrevivência por conta do calor excessivo.

• Pare de pensar sobre o calor intenso e me diga se souber. O fato dele ter um alto nível de calor que seria impossível a sobrevivência de um ser humano e estamos falando de algo visitado a cento e quarenta anos no passado, não derreteu a sonda e nem seus componentes primitivos de sustentação de envio de mensagens? Pode me responder isso?

Sandoval deu um tempo para que o coronel Eduardo pensasse sobre a simples pergunta que fizera e este mesmo tentando arrumar algo que pudesse ser dito ele não sabia do porque não acontecera o derretimento nem da sonda e nem dos componentes.

• E? Perguntou Sandoval.

• Honestamente não tenho respostas para isso doutor.

• Ótimo, mas tem alguma informação do que foi dito nos bastidores e obviamente escondidos da humanidade?

• Não senhor!

• Quer saber?

• Obviamente que sim.

• Pois bem. A primeira, a Mariner 10 foi uma sonda planetária como o senhor deve saber integrada no Programa Mariner, desenvolvido pelos Estados Unidos da América durante as décadas de 1960 e 1970. Consequentemente foi também a primeira sonda a utilizar a técnica de aceleração gravítica de um corpo celeste para auxílio à navegação e neste caso, utilizou a massa do planeta Vênus para conseguir e atingir Mercúrio e foi também a primeira sonda a visitar dois planetas distintos, ou seja, primeiro Vênus e depois Mercúrio, mas tem ideia do que foi o projeto Mariner?

• Sim! foi um programa de exploração interplanetária, não foi?

• Mais ou menos isso. Na verdade, o programa Mariner foi o primeiro programa de exploração interplanetária Norte americano, desenvolvido pela NASA, com o objetivo de explorar os planetas interiores e tal programa foi desenhado em função de um conjunto de objetivos, nomeadamente a exploração de Marte, Vênus e Mercúrio, portanto, para isso, foram desenvolvidas cinco missões distintas utilizando dez sondas utilizando um sistema de redundância e cabe aqui informar-lhe que em que três não conseguiram completar a missão, porque elas se perderam no espaço, sabia disso?

• Não detalhadamente da forma que explicou.

• Prosseguindo, a primeira missão que teve sucesso foi a Mariner 2, lançada em 1962, e que passou por Vênus, obtendo dados sobre as condições atmosféricas do planeta, mas que não seguiu até Mercúrio. Já a Mariner 4, enviada em 1964, enviou as primeiras fotos de Marte e Mercúrio só foi receber a visita da Mariner 10, que enviou informações sobre o planeta mais próximo do Sol, em 1973 e uma das curiosidades das missões foi a descoberta de um majestoso vulcão com vinte e sete quilômetros altura, denominado de Monte Olimpo, pela sonda Mariner 9, onde um astrônomo italiano Giovanni Schiaparelli no final do século dezenove observou por telescópio a região de maior brilho na superfície de Marte, mas antes que me pergunte eu volto já em Mercúrio e pelos dados coletados pela sonda foram divulgados por cientistas da NASA, em 1985, revelando a grande probabilidade de existir água na forma líquida a grandes profundidades no subsolo de Marte, em depósitos maiores que os encontrados nos polos, onde a mesma Mariner 9 encontrou água congelada sob uma camada de gelo.

• E o que isso tem a ver com Mercúrio?

• Calma coronel! Eu chegarei lá. Posso prosseguir?

• Pode!

• A Mariner 10 tinha como missão primária, o estudo dos planetas Mercúrio e Vênus, em relação às suas características físicas, atmosféricas e ambientais. Estava também previsto, o estudo do meio interplanetário e a avaliação de técnicas para o deslocamento nesse meio e está sonda, foi lançada em sua missão através de um foguete Atlas-Centauro a 3 de Novembro de 1973 e após o lançamento, a sonda foi colocada numa órbita em torno do Sol e numa trajetória em direção a Vênus, mas foram, entretanto, detectadas algumas falhas em sistemas a bordo da sonda, nomeadamente com os sistemas de análise de eletrostática e com o sistema de aquecimento das câmeras de observação e durante a trajetória, um conjunto de outros problemas apresentaram-se aos controladores da missão, com especial relevância para o funcionamento irregular da antena de alto ganho, a câmera de navegação e o computador de comando da sonda e em cinco de fevereiro de 1974, a Mariner 10 cruza a órbita do planeta Vênus a uma altitude de 5.768 quilômetros transmitindo para a Terra as primeiras imagens detalhadas da espessa atmosfera venusiana. A alteração da trajetória provocada por Vênus provocada pela redução da velocidade da sonda colocou enfim a Mariner 10 na direção de Mercúrio. Está acompanhando o que estou dizendo?

• Sim!

• Finalmente a sonda cruzou a órbita de Mercúrio em vinte e nove de março de 1974 a uma altitude de 704 quilômetros e nesta primeira passagem, obtiveram-se as primeiras imagens de Mercúrio e alterou-se a trajetória por forma a permitir mais duas passagens adicionais e a vinte e um de setembro do mesmo ano a uma altitude de 48.000 quilômetros e a dezesseis de 1975 a uma altitude de 327 quilômetros. Já na segunda e terceira passagens, obtiveram-se um conjunto de imagens detalhadas da superfície, mas que devido à geometria da órbita apenas permitiram a observação de menos de metade da superfície total. A missão manteve-se operacional até vinte e quatro de março de 1975 quando o controle sobre os sistemas foi perdido e até hoje, a Mariner 10 permanece perdida em uma órbita em torno do Sol.

• Caramba! Não quiseram recuperá-la?

• Talvez por serem céticos como muitos militares preferiram deixar ela perdida lá no espaço emporcalhando com isso o vasto espaço.

• É! Obrigado por me fazer c alar a boca, mas e como fica o caso de Mercúrio nisso?

• Primeiro vamos falar da sonda. A Mariner 10, era constituída por um chassis octogonal com uma diagonal de 1,39 metros e ligados à estrutura, dois painéis solares com uma área de 2,5 m² forneciam toda a energia necessária à manutenção dos sistemas e dos instrumentos e também conectado à estrutura octogonal, um braço de 5,8 metros suportava um magnetometro. Já no topo da estrutura estava situada a antena de alto ganho com 1,53 metros de diâmetro com um motor de direcionamento e a transmissão era realizada através das bandas S e X com um débito máximo de 117,6 kilobits por segundo. Já a propulsão era realizada através de um propulsor com 222 N de potência acoplado a um tanque esférico do combustível localizado no centro da estrutura. O peso total da sonda no lançamento era de 503 quilos. Entendeu?

• Tudinho!

• Continuando. Apesar de as temperaturas serem em geral extremamente altas como o senhor mesmo afirmou na sua superfície, as observações e os documentos secretos sugeriam a presença de gelo no planeta, pois os pisos de crateras profundas nos polos nunca são expostos diretamente à luz solar, e a temperatura ali permanece abaixo da temperatura média global e o gelo refletiu com grande intensidade o radar, e observações do Observatório Goldstone e do VLA no início da década de noventa revelaram a presença de áreas com grande reflexão do radar perto dos polo e embora o gelo não seja a única causa possível dessas regiões reflexivas, cientistas através de estudos bem apurados determinaram que seja provável até a existência de água no pequeno planeta, porém, para finalizar, um cientista chamado de louco garantiu que lá poderia suportar nas profundezas do planeta a subsistência de humanos, mas tanto ele quanto tudo o que havia de relato foram destruídos em dois acidentes misteriosos e não se falou mais disso deixando claro que, no pequeno planeta devido ao forte calor não suporte a vida humana.

• Espertinho, mas como sabe disso tudo?

• Sei porque meu bisavô foi o cientista que consideraram louco e sabendo que seria assassinado ele preservou tudo em lugar seguro e informou isso apenas para um amigo sincero e fiel dele que repassou todos os estudos e isso acabou chegando em mim.

• E está confiando em me contar tudo isso doutor?

• Sim!

• Porque?

• Porque sei que pode ser um militar rigoroso, mas tem a honra acima de qualquer coisa e agradeço aos meus ancestrais deles trem colocado diante deste projeto.

• Tem ideia do porque os norte-americanos quiseram esconder isso do mundo?

• Sim! Isso aconteceu a mais de cem anos no passado e ainda havia uma briga da União Soviética com eles e falar sobre vida em outro planeta poderia parecer ignorância ou arrogância e a política fez com que deixassem isso enterrado no incêndio do local onde supostamente estariam as provas de tudo que te falei.

• Obrigado pela confiança, mas porque insiste nisso desta viagem maluca até lá no pequeno planeta que teoricamente só serve para colocar a carne no chão e fazer churrasco?

• Porque a vida na terra não sobreviverá mais cem anos coronel. Apenas por isso.

• Acredita mesmo que a terra não sobreviverá mais que isso doutor?

• Tenho certeza absoluta sobre isso.

• Como pode ter tanta certeza assim?

• Eu havia feito uns estudos a oito anos atrás e pelos cálculos realizados na época calculei que se continuasse desta forma, duraríamos no máximo por mais duzentos e oitenta anos, mas a irresponsabilidade desmedida destes governantes está pondo um fim na nossa existência.

• Aquecimento global, é isso?

• É um dos motivos, mas o excessivo aumento do dióxido de carbono depositada na superfície, as queimadas e tantos outros fatores estão levando o nosso planeta para um buraco sem fundo. Sabe o que é um buraco negro coronel?

• Infelizmente sei sim senhor!

• Pois é! Estes irresponsáveis então causando literalmente um buraco negro que vai engolir o planeta todo, pois o que se causa na superfície está afetando o subsolo e as profundezas de nosso mundo e o que eu previ que duraríamos mais duzentos e oitenta anos nos cálculos atuais não chegaremos a cem adiante.

• Como mudar isso?

• Indo embora daqui, pois nosso planeta terá que ser limpo para quem sabe, daqui a umas sete ou oito gerações possamos, quem sabe termos os humanos aqui outra vez.

• E se não arrumarmos para onde ir?

• Bem! Eu não sou casado, eu não tenho filhos, eu não tenho mais nenhum parente vivo e duvido que eu ainda dure mais dez anos, portanto não verei esta destruição da nossa raça. Quanto aos demais, a extinção da raça humana é eminente e certa.

• Já avisou às autoridades?

• Até para Deus eu já avisei, porém, tirando deus fora disso, ninguém deu atenção e foram mais longe, chegaram a dizer que eu era tão maluco quando fora meu bisavô e outros, mais afoitos me recordaram do acidente que causou a sua morte em uma real ameaça de minha vida.

• O que posso fazer para ajudar doutor?

• Tem acesso ao presidente e à Deus?

• Ao presidente sim, porque?

• Avise ele ou me leve lá para que eu o alerte pessoalmente.

• E se ele não se interessar por isso?

• Aí sim, vá pela opção B. Reze para que Deus abençoe a todos nós.

• Tenho como leva-lo até ele. Isso já o ajuda?

• A Deus ou ao presidente?

• Ao presidente doutor! À Deus também posso fazer isso, mas vá que tenha pecado muito e a bala o desvie do caminho até Ele. Respondeu Eduardo rindo.

• Não sabia que era brincalhão também coronel.

• Pode ter certeza que não sou, mas o caso é tão grave que me dispus a lhe ouvir e se quer saber, o senhor me convenceu sobre algo que eu julgava impossível.

• Sobre Mercúrio?

• Exatamente! Se os seus dados e apontamentos estiverem corretos, nosso presidente fará o impossível para que possamos enviar uma sonda para lá e verifiquemos a possibilidade de levar o máximo possível de humanos para lá e a propósito, teria ideia de quando caberiam de nós no pequeno planeta?

• Quer saber sobre os dez bilhões de habitantes?

• Isso!

• Ao menos, quatro acredito que seria possível, quanto aos demais só rezando para nosso Criador. Confia nele?

• Nunca pensei direito na sua presença, mas me convenceu a buscar mais inspiração doutor.