Apresentação   Biografia   Cadastrados   Crônicas   Fãs clubes   Livros   Poesias   Prêmios   Área restrita  

 

 
 

     
     
 
Título   O canto da sereia   Gênero Drama
 
     
     
     
     
 

 

Título original: O canto da sereia

Romance / Drama

edição

 

Copyright© 2024 por Paulo Fuentes®

Todos os direitos reservados

 

Este livro é uma obra de ficção.

Os personagens e os diálogos foram criados a partir da imaginação do autor.

 

Autor: Paulo Fuentes

Preparo de originais: Paulo Fuentes

Revisão: Sônia Regina Sampaio

Projeto gráfico e diagramação:

Capa: Paulo Fuentes

 

Todos os direitos reservados no Brasil:

Paulo Fuentes e El Baron Editoração Gráfica Ltda.

Impressão e acabamento:

 

 Apoio Cultural:

 
  Lançamento de livros e/ou filmes possuem custos e o autor busca PATROCINADORES para lançar suas obras tanto para edição em formato de livros de papel ou quem sabe, para a realização de filme (s)... Caso haja interesse em relação à isso favor entrar em contato. Grato.
 

 

 

Esta é uma obra de ficção romanceada...
Qualquer semelhança com fatos presente, passado ou futuro...
Pode ser mera coincidência.
(nota do autor)

 

 

As sereias nos contos ocidentais impressionam por sua beleza física, assim como pela bela voz. O seu canto era capaz de atrair e encantar os homens. Muitas histórias contam como marinheiros foram atraídos e acabaram se afogando e acreditavam que avistá-las em viagens estava associado a mau agouro, sendo considerado um sinal de possível naufrágio e quando ofendidas, podiam causar inundações e desastres sendo que elas já foram também associadas a pecado, vaidade e consideradas “bruxas”, pois em algumas lendas tinham a capacidade de prever o futuro, mas é claro que isso eram apenas lendas do passado, ou será que não?

 

 

Guarujá, 7 de abril de 2023.
Ilha do Del Valle, 16:35 PM.


 

Adamastor! O que você consegue ver sentada na rocha ali na ilha do Del Valle?

Aonde?

Como aonde? Ali em cima da parte mais alta das rochas da pequena ilha.

Não vejo nada lá.

Pô! Tem uma moça tomando sol, não está vendo?

Não!

Como que não?

Não de não estar vendo mesmo. Ali, onde você diz não tem nada a não ser uma gaivota pousada na parte mais baixa perto da água.

É uma moça aparentemente linda. Cabelos anelados pretos e está confortavelmente apreciando o sabor deste delicioso sol.

Acho que o delicioso sol queimou seu cérebro irmão. Lá não tem nada.

Suba a bordo que vou dar a volta na lancha e iremos até lá e vou mostra-la para você.

Cada uma que você inventa, que coisa, mas vamos lá.

 

Arthur deu a volta na lancha que haviam emprestado de um amigo que tinham na capital e que ele guardava na marina e rumaram para o local onde supostamente ele havia visto a moça. Atracou próximo das pedras menores que rodeavam a pequena ilhota e desembarcou. Foi até o topo da mesma e nada de ver a moça que virá a uma distância de uns quinhentos metros.

 

Cadê a moça?

Estava aqui agora mesmo.

Vai ver que ela saiu voando e você nem percebeu.

Sem graça!

Acho que o sol lhe fez mal irmãozinho. Vamos voltar para a marina e tomar banho de verdade lá.

Mas estou te falando que eu a vi aqui.

Todo bem! Acredito em você, mas de repente quem sabe, ela seja filha de Posseidon e ele a chamou para jantar.

Não achei graça nenhuma na piadinha.

Para de ver as coisas, eu não vi, mas se você disse que viu eu acredito em você, mas que não tem moça nenhuma aqui, isso tem que concordar comigo que não tem, não é?

É, não tem.

Mas me diga, ela era bonita? Perguntou Adamastor sorrindo.

Nem irei lhe responder. Vamos voltar. Disse Arthur ficando mal-humorado.

 

Adamastor e Arthur eram irmãos gêmeos, porém, Adamastor nascera quatro minutos antes e sempre pedia para que Arthur o respeitasse por ele ser mais velho dos irmãos. Se davam maravilhosamente bem e onde um estava lá estava o outro. Não eram ricos, mas tinham um bom padrão de vida e trabalhavam em um hipermercado do pai que insistia em não ter outra loja, pois gostava de olhar tudo de perto. Tinham vinte e sete anos de idade e apesar de estarem ficando velhos como o pai lhes dizia não tinham compromisso com ninguém, pois se achavam na díade de trabalhar e curtir um pouco a vida que tinham.

 

Adamastor começava a achar que realmente o pai tinha razão, mas por causa de Arthur alegar que procurava uma moça especial, honesta, batalhadora e que não se apegasse a bens materiais ele entrara naquela canoa e mesmo achando que estavam errados curtiam cada vez mais os feriados prolongados para poderem sair sem prejudicar na ajuda que davam para seus pais.

 

Lá, no mercado, o qual contava com mais de setecentos funcionários eles faziam de tudo. Desde cuidar da administração até descarregar mercadorias dos caminhões, pois alegavam que se o pai e a mão fizeram aquilo quando eles ainda eram pequenos porque eles não poderiam fazer também e por causa disso eram admirados por todos que davam o máximo de cada um deles vendo os jovens patrões trabalharem desde pequenos ainda.

 

Eram sem dúvida alguma o orgulho de seus pais, avôs e tios, mas desprezados por seus primos mais novos que adoravam curtir a vida na boa sem sequer pensar em trabalhar, mas desta forma, cada um na sua eles iam levando e naquele feriado da paixão de Cristo ali estavam eles na casa de um dos muitos amigos que tinham e voltando para a marina Adamastor olhava para o irmão achando que ele estava pirando, mas se manteve calado, afinal, quantas vezes ele também não vira alguma coisa que somente ele vira.

 

Chegaram, atracaram, desembarcaram e foram até o belo apartamento da família de Henrique onde estavam hospedados e lá chegando nem um e nem outro comentaram sobre a jovem que Arthur alegou ter visto. Cada qual foi para uma suíte que estavam ocupando para tomar banho e Arthur não tirava a moça de cabelos anelados da sua cabeça.

 

Terminaram de se banhar, cada qual em uma suíte e quase que ao mesmo tempo retornaram para a sala onde Henrique, Andressa que era a namorada dele, Wilma sua irmã e Agenor seu namorado os aguardavam, mas Arthur ainda chateado por causa da jovem que nem chegou a ver de perto e também por seu irmão achar que ele deveria estar ficando maluco não quis conversar e foi até a imensa varanda do apartamento que ficava a beira mar e ficou olhando para aquela imensidão de água que compunha o oceano atlântico e imaginando quem poderia ser aquela que nem vira.

 

O que aconteceu com o Arthur?

Nada! Chateação dele por minha causa.

Não creio! Ele chateado com você? Perguntou Andressa pasma.

Pois é! Irmãos gêmeo também tem destas coisas.

Achei que tinham afinidades em tudo. Falou Wilma.

E temos, mas tem hora que preferimos ficar sozinhos e eu respeito isso nele como ele respeita em mim nas situações inversas.

Bonito ver isso. Comentou Henrique.

Vou dar uma descida e ver a água lá de baixo. Disse Arthur entrando na sala.

Quer que eu vá com você irmãozinho?

Não! Prefiro ir sozinho para pensar melhor, mas obrigado. Respondeu saindo.

Viram só! Um tem que respeitar o outro senão pode gerar faísca. Falou Adamastor.

 

Arthur pegou o elevador e desceu. Passou pela recepção do prédio sem falar nada com ninguém. Atravessou a avenida marechal Deodoro, passou pela fonte de água interativa e ainda pelo calçadão alcançou as areias da bela e limpa praia da cidade. Tirou a sandália que estava usando e saiu caminhando pela areia sem rumo até que ouviu uma linda melodia, porém desconhecida vinda da boca de algo que parecia um rouxinol. Seguiu em direção de quem entoava o cântico até que na ponta da praia próximo da avenida Floriano Peixoto que levava ao canto do Maluf localizou quem cantava e se surpreendeu ao ver que era justamente a jovem que acreditava ter visto na pequena ilha do Del Valle.

 

Você veio!

Como! Respondeu Arthur.

Você me ouviu e veio ao meu encontro.

Era você lá na Del Valle?

Sim! Vou sempre lá tomar banho em dias limpos.

Eu fui lá te ver, mas você sumiu.

Não sumi! Eu apenas mergulhei.

Porque?

Porque sou tímida.

Meu irmão disse que eu estava maluco e que estava vendo coisas.

Maluco posso te garantir que não está, mas quanto ao ver coisas agora está me vendo de pertinho.

Você é linda, mas me diga como desapareceu de repente? Meu irmão caçoando de mim disse que você era uma sereia e que seu pai Posseidon havia lhe chamado para jantar.

Hum! Ele disse isso é?

Disse, mas ele deve ser mais doido que eu.

Existem coisas na vida que não conseguimos explicar, mas para tudo há um fato que poderia ser confirmado através de pesquisas.

Não entendi nada!

Estava brincando, mas o que achou de mim?

Já disse! Você é linda por completo.

Acha mesmo?

Sim!

Sem querer ser vulgar, o que acha das minhas pernas e de meu corpo?

Perfeitos demais.

Não se trata de uma cantada, mas você namoraria comigo?

Posso dizer algo que sempre digo?

Claro!

Sempre disse para meu irmão que estava a procura ou a espera de uma moça especial, honesta, batalhadora e que não se apegasse a bens materiais e por causa disso estou só.

Hum! Era isso que procurava?

Sim!

Bem! Não sou gananciosa, mesmo porque tenho mais que preciso e que meu pai me dá. Também não sei se sou especial, pois isso cabe às outras pessoas decidirem sobre mi, mas sou honesta e batalhadora, afinal ajudo muito meu pai nos afazeres dele.

Você é real mesmo?

Acha que sou real ou o que?

Para mim você parece uma linda sereia.

Ah é! Porque acha isso?

Não sei, saiu sem querer.

E se eu fosse uma sereia, você iria querer ao menos conversar comigo sempre?

Digamos que de fato fosse uma sereia eu com certeza iria querer tê-la por perto de mim.

Mas dizem que as sereias são do mal e como ficaria isso?

Ah! Dizem também que elas são destrutivas e que afogam quem ouve o seu cântico, mas não acredito nisso.

E se for verdade isso?

Duvido disso!

Porque dúvida disso?

Porque você não parece ser uma pessoa do mal.

E se eu for e estiver aqui te seduzindo para te carregar para as profundezas do oceano?

Honestamente não acredito que fizesse isso.

Tem muitas coisas que acreditamos e que nos decepcionamos depois de conhecer bem a verdade.

Posso saber seu nome? O meu é Arthur.

Arthur é um nome de rei nas histórias dos mortais, não é?

É, mas é apenas uma das muitas histórias de nós, os mortais, como você disse.

O meu nome é Líria.

Muito prazer.

Igualmente! Respondeu Líria.

Você mora por aqui ou está apenas passeando.

Digamos que os dois e você?

Eu moro na capital e vim aqui passear.

Passear ou veio em busca de seu futuro?

Hum! Não saberia lhe responder, mas quem sabe.

Gostei de você Arthur. Parece ser uma pessoa do bem.

Quem me conhece diz que sou, mas tenho alguns defeitos.

Defeitos todos temos, afinal vocês são mortais. Respondeu Líria sorrindo.

Não está com fome?

Um pouco, mas logo irei embora e comerei lá em casa.

Não quer ir comigo comer alguma coisa ali no quiosque ou no restaurante?

Peixe?

Sim! Pode ser.

Posso te acompanhar, mas irei apenas tomar um suco ou uma vitamina. Pode ser?

Claro que sim! Vamos?

Vamos, mas não tenho nada para por cima destes trajes que estou usando.

E quem liga para isso aqui, afinal é o litoral. Podemos ir?

Sim, podemos.

 

Arthur deu a mão para que Líria se levantasse e foram até um quiosque não tão distante e lá tomaram suco de laranja, de uva e de abacaxi e ela se deliciou com isso e pareceu que era a primeira vez na vida que ela fazia algo parecido principalmente tomando vinho de uva.

 

Ficaram ali sentados por um bom tempo até que ela disse que teria que se retirar, mas combinaram de ser ver no dia seguinte no mesmo horário e ali mesmo naquele local onde ele a encontrara.

 

Após isso se levantaram, Arthur pagou a conta e voltaram para perto de onde ele a encontrara e ela pediu que a deixasse ali, fosse embora e não olhasse para trás. Após isso lhe deu um suave beijo no rosto e pediu para que ele fosse embora. Ele foi caminhando sem olhar para trás e quando o fez Líria não se encontrava mais por ali e isso não o abalou, pois, seu coração estava feliz e nem viu que na escuridão depois das pedras ela ficara admirando-o e depois que Arthur se afastou ela mergulhou e se perdeu nas águas do profundo oceano que tinha diante de si.